Um grupo de cientistas de Cingapura criou um vaso sanitário ecológico
que transforma a urina e as fezes em adubo e combustível através de um sistema
que ainda economiza até 90% de água.
Os pesquisadores da Universidade Tecnológica de Nanyang anunciaram que o
protótipo do No-Mix Vacuum começará a ser utilizado em 2013 nos banheiros da
instituição acadêmica de Cingapura, um dos países mais desenvolvidos da Ásia.
“A Universidade está produzindo seu próprio vaso sanitário para o ano
que vem. Várias companhias, incluindo imobiliárias e até um parque temático já
mostraram interesse no sistema de evacuação desde que foi anunciado (no final
de junho)”, contou à Agência Efe Lester Kok, do Departamento de Comunicação do
centro.
O vaso ecológico é equipado com dois recipientes que recolhem
separadamente os dejetos líquidos e sólidos, além de um sistema de sucção
similar ao utilizado em aviões.
A urina é transportada a uma câmara onde se decompõe em nitrogênio,
fósforo e potássio, utilizados como adubo, enquanto os excrementos chegam a um
biorreator que os processa e transforma em biocombustível de metano.
O gás metano é inodoro e pode ser utilizado para substituir o gás
natural no fogão e ainda pode ser empregado como gerador de eletricidade.
“O sistema No-Mix Vacuum não exige que o vaso sanitário esteja conectado
aos encanamentos da rede de hidráulica e ao esgoto”, explicou Kok.
O vaso sanitário usa apenas 200 ml de água para evacuar a urina e um
litro para os dejetos, o que representa 90% de economia em relação ao sistema
convencional, que utiliza de quatro a seis litros a cada vez.
Com uma média de cem usos por dia, o banheiro idealizado pelos
pesquisadores de Cingapura utiliza 160 mil litros a menos em um ano, suficiente
para encher uma piscina de 160 metros cúbicos.
O professor Wang Jing-Yuan, diretor do projeto, afirma que o sistema que
leva o material, que também transforma as sobras de comida e outros resíduos
orgânicos em fertilizante e energia, representa um método de reciclagem mais
eficiente e barato, já que realiza esse processo de forma automática.
“Separando os dejetos humanos domésticos e processando-os in situ,
economizaremos a verba dos processos tradicionais de reciclagem, já que o sistema
inovador utiliza um método mais simples e barato para produzir fertilizantes e
combustível”, defende Wang, doutor em tecnologia ambiental pela Universidade da
Carolina do Norte (Estados Unidos).
A universidade singapuriana negocia agora com as autoridades da
cidade-Estado a instalação de protótipos nas casas de uma área residencial que
se planeja construir e acredita que cidadãos de outros países possam adotar os
banheiros ecológicos nos próximos três anos.
Segundo os pesquisadores, o sistema também foi pensado para hotéis e
construções afastadas que não contam com rede hidráulica e saneamento e
precisam de certa autonomia.
O dispositivo No-Mix Vacuum faz parte de um programa iniciado há dois
anos com um financiamento de dez milhões de dólares singapurianos, (cerca de
US$ 7,8 milhões), concedido pela Fundação Nacional de Pesquisa de Cingapura.
A Universidade Tecnológica de Nanyang apresentou o projeto na feira de
ciência e tecnologia WasteMet Asia 2012 em 4 de julho em Cingapura e assinou um
acordo de colaboração com o Centro de Engenharia da Terra da Universidade de
Colúmbia (Estados Unidos).
Nenhum comentário:
Postar um comentário