O humano moderno (Homo sapiens) contribuiu mais para o
desaparecimento de seus primos, os neandertais, do que os desastres naturais na
Europa, segundo um estudo publicado nesta semana pela revista da Academia de
Ciências Americana, a “PNAS”.
De acordo com os cientistas, a saída dos humanos modernos da África para
a Europa foi uma ameaça maior para as populações nativas de neandertais do que
a maior erupção vulcânica de todo o continente europeu ocorrida há 40.000 anos.
O geógrafo John Lowe, da Universidade Royal Holloway de Londres, analisou
os depósitos de cinzas vulcânicas invisíveis a olho nu coletados no Mar Egeu,
na Líbia e em quatro cavernas da Europa.
Estas cinzas provinham de uma enorme erupção vulcânica maciça conhecida
como Campanian Ignimbrite, cujos restos cobriram uma área de 30.000 km² no
Mediterrâneo. Os cientistas usaram estas cinzas para sincronizar os eventos
arqueológicos e os dados pré-históricos do clima.
Os restos de neandertais e outras amostras de sua existência começaram a
declinar muito antes da erupção e os períodos de mudanças climáticas extremas,
concluíram os cientistas.
Migração estabelecida – Os índices nestas partículas de cinzas sugerem
que os humanos modernos já tinham se estabelecido em uma zona ampla e diversa
do leste europeu e do norte da África quando ocorreu a erupção.
Apesar de que pequenos grupos de neandertais, muito nômades, pudessem
ter sobrevivido inicialmente, os humanos modernos contribuíram com a extinção.
Estas cinzas vulcânicas mostram que a Europa sofreu uma mudança
climática abrupta entre 30.000 e 40.000 anos atrás, quando os neandertais
tinham desaparecido em grande parte.
Esta pesquisa questiona as teorias existentes até agora de que as
mudanças climáticas provocadas por erupções vulcânicas maciças na Europa teriam
causado a extinção dos neandertais, abrindo o caminho para o desenvolvimento
dos humanos modernos na Europa e na Ásia.
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