O Hospital A.C. Camargo, instituição de São Paulo especializada em
câncer, foi o primeiro do Brasil a comprar o sequenciador que é capaz de ler
genomas humanos em apenas um dia por 1 mil dólares (pouco mais de R$ 2 mil). A
máquina, chamada de Ion Proton, tem a condição de acelerar o processo de
pesquisas e de análise genômica com a interpretação de um determinado número
genomas, até então não possível de sequenciar, em um tempo recorde.
De acordo com a assessoria do hospital, além da instituição em São Paulo,
a Fiocruz do Paraná também foi uma das compradoras do aparelho. No total, são
apenas cinco disponíveis no mundo inteiro. O preço por genoma, considerando o
valor em real e somando os impostos, pode chegar a quase R$ 3 mil. “Ele vai ser
importante para pesquisas, mais do que gerar a leitura computadorizada e
automatizada das sequências. É importante ter a interpretação correta dos
dados”, afirmou a assessoria.
Para o biólogo, bioquímico e pesquisador do Hospital A.C.Camargo,
Emmanuel Dias-Neto, o sequenciador vai ajudar a encontrar se existe algo de
errado nas células do paciente e, caso seja identificada a presença de um
tumor, identificar qual tipo de tratamento seria o mais adequado. “Ele promete
ser muito revolucionário por algumas características inerentes a ele,
relacionadas principalmente a custo e velocidade com que consegue liberar os
dados”, afirmou.
De acordo com o pesquisador, a nova e mais barata tecnologia custou
cerca de 350 mil dólares e tem previsão de chegar ao hospital no final de
setembro. Uma equipe dos Estados Unidos vem ao País em outubro para fazer o
treinamento adequado.
Dias-Neto conta que há 10 anos, o sequenciamento de genomas de um
paciente demoraria 15 anos para ficar pronto, além do preço mais alto. Agora,
com o Ion Proton, será possível descobrir detalhes da doença que vão ajudar no
tratamento do paciente. “O problema de hoje é que sabemos que pacientes se
beneficiam mais com quimioterapia ou radioterapia depois do tratamento. Na
medida em que for descoberto o marcador que vai permitir com segurança total e
absoluta o tipo de tratamento ao paciente, reduzo o tempo de medicação e de
internação, por exemplo”, afirmou.
Segundo ele, a probabilidade de o processo apresentar algum tipo de erro
é muito baixa. “O sequenciamento é pesado, cada base do genoma é sequenciada
pelo menos 50 vezes”, disse. “Se o aparelho erra em regiões do genoma que são
repetidas, vou confirmar com outra tecnologia para ter certeza”, concluiu.
O pesquisador conta ainda que o aparelho será usado inicialmente para
casos de tumores específicos. “Os pacientes que estão sendo atendidos no
hospital serão contatados e convidados a participar da pesquisa”, disse
Dias-Neto.
O hospital também vai servir como um centro de apoio para pesquisas de
outras instituições e outras áreas da saúde, como o mal de Alzheimer, o
autismo, transtorno bipolar e a esquizofrenia .
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