Foto do Centro Cívico - Curitiba - PR
Fazer com que as cidades usem, de forma sustentável, a diversidade
biológica local é a primeira das 20 Metas de Aichi, e um dos temas que integram
a listas dos compromissos assumidos pelos 193 países componentes da Convenção
sobre Diversidade Biológica (CDB). Nesse sentido, o Brasil já está
desenvolvendo um projeto-piloto em Curitiba, experiência apresentada pela
professora Tatiana Gadda, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, em
reunião ocorrida na Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF) do Ministério
do Meio Ambiente na tarde desta segunda-feira (20), para debater o tema Cidades
e biodiversidade.
“Trata-se de iniciativa do Instituto de Estudos Avançados da
Universidade das Nações Unidas (UNU), em desenvolvimento em outros países com o
objetivo de alcançarmos as Metas de Aichi”, explica Tatiana Gadda. As metas
foram extraídas da 10ª Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-10),
realizada em Nagóia, Japão, em 2010.
Orientação - Para a professora, a experiência de Curitiba, iniciada em março deste
ano, permitirá a formulação de um guia para nortear estados e municípios
brasileiros a desenvolverem ações que privilegiem a conservação da
biodiversidade local. “O principal aprendizado é que a biodiversidade
ultrapassa as fronteiras dos municípios e as políticas locais precisam ser
coerentes com esse fato”, sugere.
Como representante da UNU na reunião sobre Cidades e biodiversidade, o
pesquisador sênior adjunto da instituição, Tony Gross, disse que, apesar de
quase todos os 193 países da CDB se preocuparem com sustentabilidade e
biodiversidade, os investimentos realizados nos últimos dez anos não
conseguiram reverter as taxas de perdas da diversidade biológica, embora haja
consenso de que essas perdas resultam em sérias consequências para todos os países.
“Biodiversidade é a base da provisão de vários recursos ecossistêmicos, como
água, clima, polinização, segurança alimentar, entre outros pontos”, enfatizou.
Em se tratando de desenvolvimento sustentável, as cidades representam
papel essencial. “As cidades consomem, de forma predatória e negativa, a
biodiversidade em geral, como o consumo descuidado da água, as emissões de
gases poluentes e qualidade de vida ligada à mobilidade, já que o mundo não é
mais rural, inclusive o Brasil”, esclareceu a analista ambiental da SBF Lúcia
Lopes. O ponto positivo, segundo ela, é que as cidades podem melhorar esse
panorama, não só do ponto de vida da biodiversidade em geral, como no que se
refere ao consumo de água e na criação de parques, facilitando a manutenção da
diversidade biológica da região.
Experiência - O assunto debatido na reunião envolveu, também, representantes da
Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU); da Assessoria
Internacional do MMA; do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa); do
banco alemão para desenvolvimento sustentável (GIZ); do Departamento de
Geografia e Ecologia da Universidade de Brasília (UnB); e Da ONG Iclei, sigla
em inglês para Governos Locais pela Sustentabilidade.
O evento já rendeu os primeiros frutos, segundo Lúcia Lopes, que recebeu
correspondência enviada, na manhã desta terça-feira, pelo coordenador do
Programa de Biodiversidade e Cidades da Convenção sobre Biodiversidade (CDB) da
Organização das Nações Unidas (ONU), Oliver Hillel, considerando a iniciativa
da extremamente positiva. Hillel acredita que a experiência brasileira poderá
estimular outros países a se organizarem para, igualmente, tornar suas cidades
sustentáveis.
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