O âmbar é uma resina produzida por algumas árvores e que sofreu processos
de fossilização ao longo de milhões de anos. Encerrando seres vivos no
interior, contemporâneos à sua formação, o seu estudo tem desvendado segredos
da vida primitiva.
Um time internacional de cientistas descobriu na Itália os animais mais
antigos já preservados em âmbar – uma resina de árvore fossilizada capaz de
manter bichos pré-históricos da mesma forma como eram em vida.Os três pequenos espécimes têm cerca de 250 milhões de anos, 100 milhões a mais que as criaturas mais velhas conhecidas até agora. O achado está descrito na edição desta segunda-feira (27) da revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS).
Os pesquisadores – americanos, alemães, canadenses e italianos –
examinaram minuciosamente 70 mil gotas de âmbar encontradas no nordeste da
Itália. O material é o mesmo que aparece no filme “Parque dos dinossauros”, de
Steven Spielberg, em que o sangue preservado de um mosquito ainda continha o DNA
dos répteis gigantes.
Os artrópodes – categoria de invertebrados que inclui insetos,
crustáceos e aracnídeos – morreram nessa “armadilha” que parece uma seiva
durante o período geológico Triássico. Dos três bichos, dois são ácaros
microscópicos (chamados de Trasacarus fedelei e Ampezzoa triassica)
e o outro é uma mosca menor que uma mosca-da-fruta (Drosophila melanogaster).
Os autores, liderados por David Grimaldi, do Museu Americano de História
Natural, em Nova York, nos EUA, explicam que já foram descobertos insetos mais
antigos em fósseis de rochas, mas esses dois aracnídeos e o inseto são
diferentes porque não foram comprimidos e estão praticamente intactos, o que
evidencia detalhes e torna possível uma comparação com as espécies atuais. Além
disso, essa seria uma forma de entender melhor como a Terra evoluiu nesses
milhões de anos.
Ao fazer uma análise dos ácaros pré-históricos com os de hoje, Grimaldi
encontrou semelhanças surpreendentes, com exceção de diferenças na boca e um
menor número de patas. Os ácaros modernos habitam diferentes locais, que vão
desde folhas de plantas até objetos domésticos como colchões, tapetes, sofás e
brinquedos de pelúcia.
Segundo os cientistas, é incrível que muitas características tenham sido
mantidas, mesmo após o mundo ter mudado tanto. Naquela época, havia apenas um
continente, dinossauros primitivos e nenhuma planta com flores. Hoje em dia,
porém, alguns tipos de ácaros vivem em vegetais com flores, enquanto seus
antepassados ficavam em árvores.
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