Após sua chegada à superficie de Marte, o jipe-robô Curiosity iniciará
uma revisão de todos os seus sistemas, antes de começar a enviar informações e
dados vindos do planeta vermelho. Ainda esta semana, o jipe deve ativar outra
câmera e enviar imagens coloridas, depois de já ter mandado fotos em preto e
branco.
As informações recolhidas pelo Curiosity serão enviadas apenas uma vez
por dia. Após essa transmissão, o explorador automaticamente passa a processar
e interpretar novas informações. As observações registradas são armazenadas
sobre o computador de controle do robô e, posteriormente, sobre o satélite que
mantém sua comunicação com a Terra.
“Temos que ter muita paciência, porque é preciso estar completamente
seguro que o entorno é adequado e não há risco. Após essa revisão, o explorador
passará a captar os primeiros dados”, explicou à Agência Efe Felipe Gómez, um
dos cientistas espanhóis envolvido no projeto.
Gómez trabalha no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em
inglês) da agência espacial americana (Nasa), em Pasadena, na Califórnia, onde
permanecerá por mais três meses. Ele qualificou a aterrissagem da Curiosity com
um fato “muito emocionante” e “surpreendente”, pela suavidade com que o
explorador pousou na Cratera Gale, ao sul do equador marciano.
“O desdobramento foi realizado passo a passo; um êxito de peso”, disse o
cientista, que pertence ao Centro de Astrobiología (CAB) da Espanha.
Segundo Gómez, o fato de poder participar dessa missão – uma das maiores
já desenvolvidas – “pressupõe um desafio tecnológico nunca assumido
anteriormente, por causa do tamanho, volume e peso do explorador, assim como a
quantidade de instrumentos científicos que ele robô transporta”.
Na superfície de Marte, o Curiosity analisará nos próximos dois anos a
possibilidade de ter existido ou existir condições para a vida no planeta
vermelho.
Pouso nesta madrugada – O laboratório móvel Curiosity pousou em Marte na
madrugada desta segunda-feira (6) – às 2h33 de Brasília. Agora, deve passar um
ano marciano (dois da Terra) pesquisando sinais que indiquem se o planeta já
teve condições de abrigar vida.
Os controladores da missão da Nasa aplaudiram e gritaram com entusiasmo
quando receberam sinais confirmando que o jipe-robô sobreviveu à perigosa
descida no céu marciano e aterrissou são e salvo no fundo da vasta Cratera
Gale, no hemisfério sul, perto do equador.
Após uma viagem de oito meses e 566 milhões de quilômetros, a sonda
tocou a tênue atmosfera marciana a 20 mil quilômetros por hora – 17 vezes a
velocidade do som -, antes de iniciar sua descida controlada.
Momentos após o pouso, a Curiosity enviou suas três primeiras imagens do solo marciano. Numa delas, uma roda do veículo e a sombra do jipe apareciam à frente do terreno pedregoso.
Momentos após o pouso, a Curiosity enviou suas três primeiras imagens do solo marciano. Numa delas, uma roda do veículo e a sombra do jipe apareciam à frente do terreno pedregoso.
A operação de pouso foi considerada a mais complexa na história dos voos
espaciais não tripulados. Por causa da demora nas comunicações por rádio entre
a Terra e Marte, todo o processo precisou ser autoguiado, sem a interferência
de técnicos.
Para reduzir sua velocidade, a sonda contou com um paraquedas especial,
uma mochila a jato e um inédito “guindaste aéreo” que auxiliou no pouso.
O Curiosity é o primeiro laboratório completo sobre rodas a ser enviado
para outro planeta. Ele passará dois anos explorando a Cratera Gale e uma
montanha vizinha de 5 mil metros de altura, que parece ser formada por
sedimentos provenientes da cratera, gerada por sua vez pelo impacto de um
grande corpo celeste.
Marte é o planeta mais parecido com a Terra, e os cientistas querem
descobrir se ele teve no passado condições para abrigar vida microbiana. A
missão, que custou mais de R$ 5 bilhões, marca o primeiro esforço de
astrobiologia da Nasa desde as sondas Viking, na década de 1970.
A chegada do Curiosity a Marte também representa um marco importante
para a Nasa, afetada nos últimos anos por cortes orçamentários e pela recente
aposentadoria da sua frota de ônibus espaciais.
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