Um tratamento experimental que usa uma técnica de “Cavalo de Troia”
eliminou totalmente o câncer de próstata em camundongos. O estudo, realizado na
Grã-Bretanha, enviou uma espécie de agente invasor disfarçado ao interior de
células doentes.
A equipe escondeu uma série de vírus diferentes, capazes de matar
células cancerígenas, dentro do sistema imunológico dos roedores para
introduzi-los dentro dos tumores.
Uma vez no interior dos nódulos, dezenas de milhares de cepas desses
vírus foram liberadas para tentar “matar o câncer”.
Os resultados, publicados no periódico científico “Cancer Research”,
mostram que o grupo foi bem-sucedido. Embora analistas tenham classificado a
pesquisa como “animadora”, testes em humanos ainda são necessários antes de
qualquer posicionamento definitivo.
O nome da técnica faz referência à mítica batalha em que os gregos
adentraram o território inimigo da cidade de Troia escondidos no interior de um
grande cavalo, o que deu origem à expressão “presente de grego”.
‘Surfando na Onda’ – A técnica de “Cavalo de Troia” no tratamento
médico não é nova. Cada vez mais, cientistas têm-se valido desse recurso, mas,
segundo eles, o principal desafio é a profundidade necessária dentro do tumor
para que os vírus sejam eficazes o suficiente.
“O problema é a penetração”, diz Claire Lewis, professora da
Universidade de Sheffield. Ela lidera um estudo em que os glóbulos brancos são
usados como “Cavalos de Troia” para abrigar os vírus em sua jornada ao interior
dos tumores. A professora explica que seu grupo também trabalha com a lógica de
uma “onda”.
Após tratamentos com radioterapia e quimioterapia, os tecidos do
paciente ficam danificados, e uma grande quantidade de glóbulos brancos é
enviada ao local para ajudar a reparar o estrago.
“Estamos surfando nessa onda para introduzir o número maior possível de
glóbulos brancos para levar os vírus capazes de explodir os tumores até o
‘coração’ deles”, explica a cientista.
A equipe dela injetou glóbulos brancos contendo vírus nos camundongos
dois dias após um ciclo de quimioterapia. Depois de entrarem no tumor, os vírus
se replicam e, em apenas 12 horas, os glóbulos brancos explodem e expelem mais
de 10 mil vírus cada, infectando e matando as células cancerígenas.
Eliminação dos Tumores – Ao final do ciclo de 40 dias do estudo, todos os
camundongos que receberam o tratamento ainda estavam vivos e sem sinais dos
tumores.
Em comparação, aqueles sob outros esquemas de tratamento viram o câncer
se espalhar e depois morreram.
“[O tratamento] elimina completamente o tumor e impede que ele volte a crescer”, diz Claire, acrescentando tratar-se de um conceito “revolucionário”. Mas ela lembra que outros avanços do tipo acabaram sendo completamente inúteis quando testados em humanos. Ela espera agora começar os testes em pacientes no próximo ano.
“[O tratamento] elimina completamente o tumor e impede que ele volte a crescer”, diz Claire, acrescentando tratar-se de um conceito “revolucionário”. Mas ela lembra que outros avanços do tipo acabaram sendo completamente inúteis quando testados em humanos. Ela espera agora começar os testes em pacientes no próximo ano.
Radioterapia e Quimioterapia – Para Emma Smith, do Cancer Research UK
(Instituto de Pesquisas do Câncer do Reino Unido), o estudo mostra que a
quimioterapia e a radioterapia, tratamentos tradicionais contra tumores, podem
tornar-se mais eficientes com a ténica do “Cavalo de Troia”.
“Equipar o próprio sistema imunológico do corpo para levar um vírus
mortal aos tumores é uma tática animadora que muitos cientistas estão
pesquisando. Este estudo mostra que tem o potencial de transformar a
quimioterapia e a radioterapia em armas mais eficientes contra o câncer”, diz.
Kate Holmes, chefe de pesquisas do Prostate Cancer UK, diz que se os
estudos em humanos forem bem-sucedidos a técnica pode vir a ser um “divisor de
águas” no tratamento do câncer de próstata.
“Se esse tratamento se tornar um sucesso em humanos, poderia se revelar
um progresso substancial em encontrar melhores tratamentos para homens com
câncer de próstata, quando ele já tiver se espalhado pelos ossos”, avalia.
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