Mascote da Copa do Mundo de 2014 classificado como espécie “vulnerável”
em uma tabela internacional de animais em risco de extinção, o tatu-bola (Tolypeutes
tricinctus) será rebaixado para a categoria “em perigo de extinção”, um
nível mais próximo da extinção.
A mudança de status do tatu-bola deverá ser anunciada no início do ano
que vem, quando o governo brasileiro fará uma atualização da situação de
espécies brasileiras na lista vermelha da União Internacional para a
Conservação da Natureza (IUCN).
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), o tatu-bola foi uma das 1.818 espécies brasileiras analisadas em
levantamento concluído em outubro deste ano. A mudança de status do animal
aguarda a aprovação do Ministério do Meio Ambiente.
De acordo com a escala usada pela IUCN, o risco de extinção do mamífero,
que já era considerado “alto”, passa a ser considerado “muito alto”. A
vice-presidente do grupo de pesquisa sobre Xenartros (tatus, tamanduás e
preguiças) da IUCN, a brasileira Flávia Miranda, que participou do levantamento
do ICMBio, disse à Agência Brasil que a espécie perdeu mais de 50% de seu
habitat nos últimos dez anos.
“Na última avaliação do Brasil, esse status caiu. A situação ficou bem
mais crítica. Conseguimos sentar com alguns pesquisadores do Nordeste e vimos
que está havendo declínio populacional”, disse Flávia.
Organização não-governamental responsável pela campanha em prol da escolha
do tatu-bola como mascote da Copa do Mundo de 2014, a Associação Caatinga diz
que a espécie é muito sensível à destruição de seu habitat – a caatinga e o
cerrado brasileiros – e só consegue sobreviver em ambientes bem conservados.
“É uma espécie que sente as alterações no ambiente. Se há desmatamento,
queimada, expansão urbana ou de novas áreas de agricultura, ele desaparece,
porque não suporta alterações ambientais”, explica o secretário-executivo da
Associação Caatinga, Rodrigo Castro.
Segundo ele, o tatu-bola está em perigo e, se nada for feito de imediato
em termos de preservação, a espécie poderá ser extinta em até 50 anos. Castro
lembra que o mamífero também sofre ameaça de caçadores, embora a caça venha
diminuindo com o passar do tempo, já tem sido mais difícil encontrar a espécie
na natureza.
Com a escolha do animal como mascote da Copa de 2014, Castro acredita
que os olhos do mundo se voltarão para a espécie e sua situação de ameaça
poderá ser revertida. “A Associação Caatinga se aliou à IUCN, em junho deste
ano, e construiu um projeto de conservação do tatu-bola, que pretende, em dez
anos, reduzir o status de ameça dentro da lista vermelha”, disse.
Além de ações voltadas para a pesquisa, a conservação das áreas onde há
tatus-bola e a educação ambiental, pretende-se usar eventos e jogos da Copa do
Mundo para divulgar a espécie. “Estamos buscando parceria com a Fifa [Federação
Internacional de Futebol, que realiza o mundial], com patrocinadores do evento
e outras entidades preocupadas com questões ambientais”, disse.
Apesar disso, de acordo com o coordenador-geral de Manejo para a
Conservação ICMBio, Ugo Vercillo, o tatu-bola não receberá nenhum tratamento
especial do governo brasileiro por ter sido escolhido mascote da Copa de 2014.
“Não existe nenhuma mudança do nosso planejamento em virtude da espécie ser
mascote da Copa do Mundo. Está previsto, no próximo ano, elaborarmos o Plano de
Ação dos Xenartros, que incluirá o tatu-bola”, informou por e-mail.
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