A arborização urbana tem como meta resgatar a vegetação natural no meio
urbano, além de propiciar benefícios que melhoram a qualidade de vida. Os
ecossistemas urbanos são muito alterados comparados ao meio natural. Uma forma
de reabilitar uma área alterada é diagnosticá-la e propor ações planejadas.
Existem vários tipos de planejamento, mas o mais adequado para o meio urbano
parece ser aquele fundamentado na interação e integração dos sistemas que
compõem o ambiente a partir de uma visão sistêmica e holística da área em
estudo.
A ideia de mensurar a presença do verde nas cidades esbarra na
metodologia empregada para tal fim. O cálculo do índice de área verde ainda
hoje é utilizado para diagnosticar o quanto de vegetação está disponível à
população. Contudo, é um índice que não reflete a real importância da vegetação
na cidade. É importante considerar a questão da acessibilidade da população ao
local com presença de vegetação e também a diferenciação entre vegetação
rasteira e arbórea. Essa última tem uma maior importância por propiciar maiores
benefícios. Quando se trata de área, não se diferencia essa questão. Já o termo
espaço contempla o fator tridimensional, sendo desta forma mais adequado falar
em espaço verde.
Alguns índices existentes usam somente medidas de cobertura arbórea de
espaços livres públicos, outros consideram as árvores do sistema viário. Existe
uma lacuna referente ao papel que a vegetação exerce no meio urbano, sem
definir se o importante é a quantidade ou a qualidade do verde. Se, por um lado,
alguns consideram como fundamental a questão do acesso da população ao espaço
verde, por eles chamado de área verde, de outra parte não se nega a importância
das árvores de calçada para o conforto térmico e a estética. Para o lazer, as
áreas verdes devem cumprir seu papel de acessibilidade, enquanto que, para
contemplar a questão ecológica, devem ser consideradas também as árvores de
rua.
O índice de área verde passou a expressar a cobertura vegetal como um
todo a partir de alguns trabalhos inovadores. Em vários casos, levou-se em
consideração a densidade populacional, dando uma ideia de quanto de verde cada
cidadão teria à sua disposição. Entretanto, o enfoque é apenas quantitativo,
sem abordar a contribuição qualitativa da vegetação.
Um trabalho desenvolvido pela Embrapa propõe utilizar uma nova
metodologia para a determinação de um índice que contemple as muitas
contradições presentes nas áreas urbanas, chamado “Índice de Espaços Verdes”
(IEV). Este índice diagnostica em termos qualitativos o cumprimento de funções
ecológicas por parte dos espaços verdes. Os resultados do trabalho realizado
para a construção desse índice demonstraram que dados somente quantitativos
podem omitir fatores importantes, limitando o delineamento de ações de manejo
em cidades. Para uso localizado, o IEV pode ser aplicado diretamente pelos
gestores de regiões urbanas, para que possam definir prioridades e tomar
decisões.
Como uma proposta inicial de verificação de qualidade, os parâmetros
foram mensurados por meio de geotecnologias, padronizando a comparação entre
unidades de paisagem, dentro da cidade e entre cidades. Por meio de tecnologias
de imagens de satélite e de sistemas de informação geográfica, foi possível
organizar, processar e visualizar as informações de maneira contextualizada,
favorecendo a tomada de decisão. Parâmetros como hidrologia, fixação de carbono
e amenização da temperatura foram contemplados. A presença de variações
decorrentes das peculiaridades de cada área demandará bom senso e adequação a
fatores levantados para diagnóstico, quando da aplicação desse índice.
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