Análise genética feita em árvores por pesquisadores dos Estados Unidos e
do Reino Unido aponta que muitas espécies existentes na Amazônia continental
conseguiriam sobreviver aos efeitos mudança climática causada pela atividade
humana, aponta estudo divulgado nesta quinta-feira (13) no periódico científico
“Ecology and Evolution”.
Um sequenciamento genético feito em espécies de árvores encontradas no
bioma conseguiu detectar mutações que datam de 8 milhões de anos. Tais
evoluções encontradas indicaram que as árvores sobreviveram a períodos
anteriores com alta temperatura global, comparados àqueles que podem ser
registrados futuramente no planeta devido às emissões de gases-estufa –
conforme previsão do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na
sigla em inglês).
No entanto, incêndios florestais provocados e a superexploração de
recursos naturais ameaçam o futuro do bioma, que cobre uma extensão de 7,8
milhões de km² e abrange nove países da América do Sul (Bolívia, Brasil,
Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela).
De acordo com pesquisadores, durante o período Mioceno (entre 11,5
milhões a 5,3 milhões de anos atrás) as temperaturas que atingiram a região
amazônica se aproximavam à projeção do IPCC para 2100, utilizando o pior
cenário de fortes emissões de carbono.
Relatório do grupo divulgado em 2007 aponta para uma alta de 6,4 ºC se a
população e a economia continuarem crescendo rapidamente e se for mantido o
consumo intenso dos combustíveis fósseis (pior cenário).
Isso poderia causar secas extremas no bioma e um fenômeno chamado de
savanização, quando a floresta mudaria de perfil, com uma existência maior de
plantas que conseguem sobreviver a altas temperaturas (seleção natural), assim
como aquelas que já existem no cerrado brasileiro.
Maior Proteção Contra Ação Humana – Os cientistas analisaram 12 espécies de árvores
existentes em regiões do Panamá e Equador. Além disso, foram usadas amostras
encontradas no Brasil, Peru, Guiana Francesa e Bolívia.
Christopher Dick, autor do estudo e professor da Universidade Michigan,
nos EUA, afirma que a pesquisa fornece evidências de que as árvores da Amazônia
que já enfrentaram temperaturas altas podem até tolerar, a curto prazo,
mudanças ambientais futuras
No entanto, Simon Lewis, University College London e da Universidade Leeds, ambas britânicas, que também participou do estudo, adverte que a sobrevivência dessas espécies às alterações climáticas dependerá de uma maior proteção da floresta, que enfrenta forte influência humana – o que não acontecia há milhões de anos. Por conta disto, pede uma maior política de conservação para combater o desmatamento voltado à agricultura ou mineração.
No entanto, Simon Lewis, University College London e da Universidade Leeds, ambas britânicas, que também participou do estudo, adverte que a sobrevivência dessas espécies às alterações climáticas dependerá de uma maior proteção da floresta, que enfrenta forte influência humana – o que não acontecia há milhões de anos. Por conta disto, pede uma maior política de conservação para combater o desmatamento voltado à agricultura ou mineração.
“Nós também precisamos de ações mais agressivas para reduzir as emissões
de gases de efeito estufa, com o intuito de minimizar o risco da seca e
impactos das queimadas, além de garantir o futuro da maioria das espécies
amazônicas”, explica o pesquisador em comunicado.
Desmate avança na Amazônia Sul-Americana em 10 anos – Entre 2000 e 2010, a Amazônia continental perdeu
o total de 240 mil km² devido ao desmatamento, o equivalente a uma
Grã-Bretanha, de acordo com dados reunidos pela Rede Amazônica de Informação
Socioambiental Georreferenciadas (RAISG), divulgados por 11 organizações não
governamentais.
É como se, em 11 anos, “sumisse do mapa” área equivalente a quase seis
vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro. Os números integram o documento
“Amazônia sob pressão”, que reúne informações sobre a degradação registrada ao
longo da última década na região englobada pelo bioma.
No período, o Brasil foi o principal responsável pela degradação da
floresta (80,4%), seguido do Peru (6,2%) e Colômbia (5%). A quantidade é
proporcional à área de floresta englobada pelo país (uma participação de 64,3%
no território amazônico).
Apesar do número alto, nos últimos anos o Ministério de Meio Ambiente
tem divulgado redução na degradação da Amazônia Legal (que abrange nove estados
do país). No fim de novembro, o governo divulgou que o desmatamento teve o
menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988.
De acordo com dados do sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do
Desflorestamento na Amazônia Legal), entre agosto de 2011 e julho de 2012 houve
a perda de 4.656 km² de floresta, área equivalente a mais de três vezes o
tamanho da cidade São Paulo. O índice é 27% menor que o total registrado no
período entre agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²).
Ameaças e Pressões – Sobre a influência humana na floresta amazônica,
o documento divulgado por ONGs afirma que todas as sub-bacias do bioma foram
afetadas por algum tipo de ameaça ou pressão – construção de estradas,
exploração de petróleo e gás, construção de hidrelétricas, implantação de
garimpos para mineração, desmatamento e queimadas.
Amazônia tem 15% de sua área com potencial petrolífero, diz estudo
Em relação à construção de estradas, o documento diz que planos para conectar os oceanos Atlântico ao Pacífico aceleram a pressão sobre a Amazônia, e que o Peru e a Bolívia são os países que detêm o maior número de rodovias construídas no meio da floresta.
Em relação à construção de estradas, o documento diz que planos para conectar os oceanos Atlântico ao Pacífico aceleram a pressão sobre a Amazônia, e que o Peru e a Bolívia são os países que detêm o maior número de rodovias construídas no meio da floresta.
O relatório aponta também que em toda a Amazônia existem 171
hidrelétricas em operação ou em desenvolvimento, além de 246 projetos em
estudo. No caso da mineração, as zonas de interesse somam 1,6 milhão de km²
(21% do território do bioma), em especial na Guiana. Sobre a exploração de
petróleo e gás, atualmente existem 81 lotes sendo explorados, mas há outros 246
que despertam interesse da indústria petrolífera.
Referente às queimadas, o relatório diz que o sudeste da Amazônia, entre
o Brasil e a Bolívia, concentra a maior quantidade de focos de calor – a região
recebe o nome de “arco do desmatamento”. Esta faixa territorial vai de
Rondônia, passando por Mato Grosso, até o Pará.
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