Um mico-leão-preto, nascido em janeiro no Parque Ecológico Municipal de
São Carlos (SP), é mais uma tentativa de preservar a espécie que chegou a ser
considerada extinta no início do século passado. O animal integra o projeto de
reprodução desenvolvido no local, que há mais de 30 anos se dedica à
preservação das espécies em extinção.
O novo morador do parque tem 20 centímetros (contando o rabo), 50 gramas
e vive com o pai, a mãe e o irmão. Primo do conhecido mico-leão-dourado, o
mico-leão-preto tem o mesmo porte do parente, mas possui a pelagem toda negra
com algumas manchas douradas.
Atualmente, há poucos da espécie mantidos em cativeiro. Ao menos 50
estão no Brasil e outros 40 fora do país. Em São Carlos, seis vivem no parque
(dois casais, um deles com dois filhotes), segundo o coordenador do local,
Fernando Magnani.
De acordo com ele, o principal problema é que eles estão com uma alta
taxa de consanguinidade. “Os animais são demais parentes e isso está forçando a
população a um decréscimo. Precisaria que entrassem mais fundadores numa
colônia, animais completamente diferentes, para dar uma variada na genética
para que o potencial reprodutivo melhorasse”, explicou.
Magnani reforçou que a situação é bem complicada. “Se não houver um
esforço muito grande da conservação, o mico-leão-preto é um sério candidato a
desaparecer nas próximas décadas”, alertou.
Preservação – Fundado há 35 anos, o parque trabalha somente com a fauna
sul-americana, em especial, a brasileira. “Essa opção foi feita há mais de 20
anos justamente para poder concentrar os trabalhos e com isso ter um pouco mais
de resultados no que diz respeito à conservação, educação e demais itens que a
gente tem interesse de oferecer à população”, explicou Magnani.
Segundo ele, o projeto de reprodução é desenvolvido desde o início de
funcionamento do parque. As ferramentas, entretanto, foram aperfeiçoadas não só
na cidade, mas também em todos os zoológicos do país.
O planejamento de reprodução é feito por meio de grupos de trabalhos que
ditam as normas a um comitê sobre a situação dos animais e apontam se há ou não
necessidade de reprodução.
“Algumas espécies não têm esse tipo de comitê, então isso é feito de uma
maneira informal em contato entre os zoológicos. Os profissionais sabem quais
são os animais que estão em excedente e o que estão com as populações em
decréscimo”, relatou Magnani.
Trabalho a Longo Prazo – De acordo com o coordenador do parque, existem
animais que se reproduzem muito bem no local, porém, há outros em que o
processo é lento. Ele citou como exemplo a maioria dos répteis, como serpentes
e lagartos, que demora para conseguir acertar o casal e o ambiente adequado a
eles.
“Um trabalho pode demorar até dez anos para conseguir um retorno e
outros não. A iguana não é um animal ameaçado, mas nós demoramos sete anos para
começar a reproduzir. Com as aves menores, em um ou dois anos já conseguimos
algum resultado”.
100 Espécies – O Parque Ecológico recebe animais de zoológicos de todo o país. No
local há
cerca de 100 espécies e 800 animais, como cisne, guanaco, lhamas, alpaca, condor, pinguins, ursos, onças, jaguatirica, entre outras.
cerca de 100 espécies e 800 animais, como cisne, guanaco, lhamas, alpaca, condor, pinguins, ursos, onças, jaguatirica, entre outras.
Atualmente, o parque trabalha na reformatação dos ambientes. “Estamos
tentando oferecer os animais aos visitantes por bioma. A patagônia e o cerrado
estão prontos. Agora vamos tentar investir na mata atlântica”, disse o
coordenador.
Pérsio Ronaldo dos Santos, coordenador do programa de educação ambiental
no parque, explicou que a ideia é mostrar o animal como se ele estivesse no
ambiente natural dele.
Os recintos onde os bichos ficam possuem placas de identificação que
fornecem o nome popular do animal (também em inglês), o nome científico, foto,
curiosidade sobre a espécie e área de destaque.
Além da visitação, o local atende mais de 10 mil alunos por ano em
diversos cursos e atividades que incentivam a prática da conservação da
natureza.
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