Uma neuroprótese foi capaz de criar sexto sentido em ratos, que
aprenderam a “tocar” luz infravermelha, em uma nova pesquisa da equipe do
brasileiro Miguel Nicolelis, publicada na Nature Communications, nesta
terça-feira (12).
Segundo o pesquisador, esta é a primeira vez que uma prótese cortical
foi usada ara aumentar a capacidade neurológica de animais adultos. Os
mamíferos não são capazes de enxergar a luz infravermelha, mas após o
experimentos os ratos conseguiram identificar localização e intensidade da luz
pelo tato.
A neuroprótese acopla um sensor infravermelho ao córtex somatossensorial
(relacionado ao tato) via microestimulação intracortical. Os animais facilmente
aprendem a usar esta fonte de novas informações, e a gerar estratégias de
exploração para diferenciar os sinais infravermelhos de seu ambiente.
Em testes percebeu-se que a prótese não desloca a representação original
táctil. Assim, as próteses sensoriais corticais, além de restaurar funções
neurológicas normais, podem servir para expandir as capacidades perceptivas
naturais de mamíferos.
A neuroprótese foi usada para identificar a luz infravermelha, mas
poderia ter sido usada para qualquer comprimento de onda, como ultrassom ou
raio-x.
Como foi o Experimento – Inicialmente seis ratos fêmeas foram treinadas
na câmara com luz normal. Ao piscar a luz em uma das portas, o rato se
aproximava e ao tocar a porta com o nariz, recebia água. Depois de aprendida a
lição: luz = água, em aproximadamente 25 dias com 70% de acerto, foi colocada a
prótese.
Eles foram então recolocados na câmara, onde deveriam realizar a mesma
tarefa, mas agora com a luz infravermelha, invisível para a visão deles.
Estímulos elétricos aumentavam à medida que os ratos se aproximavam da fonte de
luz ou orientavam suas cabeças para o local. A estimulação no mesmo local é
conhecida por induzir sensações táteis em homens e macacos.
Os seis ratos demoraram cerca de 26 dias para aprender a nova tarefa com
os 70% de acerto. No início, eles não conseguiam identificar os sinais
sensoriais com a fonte de luz, chegando a, ocasionalmente, arranhar sua face em
resposta à estimulação. Mas após alguns dias eles mudaram seu comportamento. No
começo, as portas estavam separadas a 90º, mas os ratos conseguiram obter
sucesso também com elas a uma distância inferior a 60º.
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