quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

DISLEXIA


O Que é?
É uma dificuldade primária do aprendizado abrangendo: leitura, escrita,soletração ou uma combinação de duas ou três destas dificuldades. Caracteriza-se por alterações quantitativas e qualitativas, total ou parcialmente irreversíveis . É o distúrbio (ou transtorno) do aprendizado mais frequentemente identificado na sala de aula. Está relacionado, diretamente, à reprovação escolar, sendo causa de 15 % das reprovações. Em nosso meio, entre alunos das séries iniciais (escolas regulares) têm sido identificados problemas em cerca de 8 %. Estima-se que a dislexia atinja 10 a 15 % da população mundial
Quem Pode Ser Afetado?
A dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela pode atingir igualmente pessoas das raças branca, negra ou amarela, ricas e pobres, famosas ou anônimas, pessoas inteligentes ou aquelas mais limitadas.
Qual a Causa?
A dislexia tem sido relacionada a fatores genéticos, acometendo pacientes que tenham familiares com problemas fonológicos, mesmo que não apresentem dislexia. As alterações ocorreriam em um gene do cromossomo 6 . A dislexia, em nível cognitivo- lingüístico, reflete um déficit no componente específico da linguagem , o módulo fonológico, implicado no processamento dos sons da fala. Uma criança que tenha um genitor disléxico apresenta um risco importante de apresentar dislexia, sendo que 23 a 65 % delas apresenta o distúrbio.
Um gene recentemente relacionado com a dislexia é chamado de DCDC2. Segundo o Dr. Jeffrey R. Gruen, geneticista da Universidade de Yale, Estados Unidos, ele é ativo nos centros da leitura do cérebro humano.
Outro gene, chamado Robo1, descoberto por Juha Kere, professor de genética molecular do Instituto Karolinska de Estocolmo, é um gene de desenvolvimento que guia conexões, chamadas axônios, entre os dois hemisférios do cérebro.
Pesquisadores dizem que um teste genético para a dislexia pode estar disponível dentro de um ano. Crianças de famílias que têm história da dislexia poderão ser testadas. Se as crianças tiverem o risco genético, elas podem ser colocadas em programas precoces de intervenção.
Sinais Indicadores de Dislexia
A dificuldade de ler, escrever e soletrar mostra-se por dificuldades diferentes em cada faixa etária e acadêmica
Pré-Escola, Pré-alfabetização  
Aquisição tardia da fala

Pronunciação constantemente errada de algumas sílabas

Crescimento lento do vocabulário

Problemas em seguir rotinas

Dificuldade em aprender cores, números e copiar seu próprio nome

Falta de habilidade para tarefas motoras finas (abotoar, amarrar sapato, ...)

Não conseguir narrar uma história conhecida em sequência correta

Não memorizar nomes ou símbolos

Dificuldade em pegar uma bola
Início do EnsinoFundamental - Alfabetização
Dificuldades Mais Identificadas  
Fala.

Aprender o alfabeto

Planejamento e execução motora de letras e números

Preensão do lápis

Motricidade fina e do esquema corporal.

Separar e seqüenciar sons (ex: p – a – t – o )

Habilidades auditivas - rimas

Discriminar fonemas de sons semelhantes: t /d; - g / j; - p / b.,

Diferenciação de letras com orientação espacial: d /b ;- d / p; - n /u; - m / u pequenas diferenças gráficas: e / a;- j / i;- n / m;- u /v

Orientação temporal (ontem – hoje – amanhã, dias da semana, meses do ano)

Orientação espacial (lateralidade difusa, confunde a direita e esquerda, embaixo, em cima) execução da letra cursiva
Ensino Fundamental
Dificuldades mais identificadas
 

Atraso na aquisição das competências da leitura e escrita. Leitura silábica, decifratória. Nível de leitura Abaixo do esperado para sua série e idade.

Soletração de palavras

Ler em voz alta diante da turma

Supressão de letras: cavalo /caalo;-. biblioteca/bioteca; - bolacha / boacha

Repetição de sílabas: pássaro / passassaro; camada / camamada

Sequência de letras em palavras Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras (ai-ia; per-pré; fla-fal; me-em).

Fragmentação incorreta: o menino joga bola - omeninojo gabola

Planejar, organizar e conseguir terminar as tarefas dentro do tempo

Enunciados de problemas matemáticos e figuras geométricas

Elaboração de textos escritos expressão através da escrita

Compreensão de piadas, provérbios e gírias

Sequências como: meses do ano, dias da semana, alfabeto, tabuada. mapas

Copiar do quadro
Ensino Médio
Dificuldades mais identificadas  
Podem ter dificuldade em aprender outros idiomas.

Leitura vagarosa e com muitos erros

Permanência da dificuldade em soletrar palavras mais complexas

Dificuldade em planejar e fazer redações

Dificuldade para reproduzir histórias

Dificuldade nas habilidades de memória

Dificuldade de entender conceitos abstratos

Dificuldade de prestar atenção em detalhes ou, ao contrário, atenção demasiada a pequenos detalhes

Vocabulário empobrecido

Criação de subterfúgios para esconder sua dificuldade
Ensino Superior / Universitário
Dificuldades mais identificadas  
Letra cursiva.

Planejamento e organização.

Horários (adiantam-se, chegam tarde ou esquecem).

Falta do hábito de leitura.

Normalmente tem talentos espaciais (engenheiros, arquitetos, artistas).
Diagnóstico
Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia. Os sintomas podem ser percebidos em casa mesmo antes da criança chegar na escola. Uma vez identificado o problema de rendimento escolar, deve-se procurar ajuda especializada.
AVALIAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
A equipe multidisciplinar, incluindo Psicólogo, Fonoaudiólogo e Psicopedagogo Clínico inicia investigação detalhada e verifica a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso. É muito importante o parecer da escola, dos pais, o levantamento do histórico familiar e a evolução do paciente.
Outros fatores deverão ser descartados, como déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas), desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o disléxico irá apresentar prejuízos emocionais, mas estes são consequências, não causa da dislexia).
A equipe multidisciplinar deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia.
Essa avaliação é importante tanto na identificação das causas das dificuldades apresentadas, quanto permite orientar o encaminhamento adequado para o caso individualizado.
Não existe teste único, patognomônico (sinais/sintomas constantes, caraterísticos da doença) de dislexia.
O diagnóstico deve ser realizado por profissional (ais) treinado (s), empregando-se uma série de testes e observações, em geral, trabalhando em equipe multidisciplinar, que analisará o conjunto de manifestações de dificuldades
Testes auditivos e de visão podem ser os primeiros a serem solicitados.
Entre as avaliações mais solicitadas encontram-se testes:  
Cognitivos

Inteligência

Memória auditiva e visual

Discriminação auditiva e visual

Orientação

Fluência verbal

Testes com novas tecnologias
Tratamento após o Diagnóstico de Dislexia.
Uma vez diagnosticada a dislexia, segundo as particularidades de cada caso, o encaminhamento orientado permite abordagem mais eficaz e mais proveitosa, pois o profissional que assumir o caso não precisará de um tempo para identificação do problema, bem como terá ainda acesso a pareceres importantes.
Tendo conhecimento das causas das dificuldades, do potencial e a individualidade do paciente, o profissional pode utilizar a linha terapêutica que achar mais conveniente para o caso particular. Os resultados devem surgir de forma progressiva.
Em oposição à opinião de muitos se pode afirmar que o disléxico sempre contorna suas dificuldades e acha seu caminho. O disléxico também tem sua própria lógica e responde bem a situações que estejam associadas a vivências concretas.
A harmonia entre o profissional coordenador e o paciente e sua família podem ser decisivos nos resultados. O mecanismo de programação por etapas, somente passando para a seguinte quando a anterior foi devidamente absorvida, retornando às etapas anteriores sempre que necessário, deve ser bem entendido pelo paciente e familiares
Sistema Cumulativo
Os serviços de educação especial podem incluir auxílio de especialistas, tutorias individuais, aulas especiais diárias. Cada indivíduo tem necessidades diferentes, por isso o plano de tratamento deve ser individualizado. Da mesma forma, é importante o apoio psicológico positivo, já que muitos estudantes com dificuldade de aprendizado têm auto - estima baixa.
Prevenção
Os transtornos de aprendizagem tendem a incidir em famílias e a dislexia é um deles. As famílias afetadas devem fazer o máximo esforço para reconhecer precocemente a existência do problema.
Quando incide em famílias sem antecedentes, o diagnóstico pode ser feito na pré-escola, se os professores detectarem os primeiros sinais. A terapia precoce proporciona os melhores resultados
Mitos Que Não Podem Crescer
1- A dislexia é contagiosa?
Não. Ela é usualmente hereditária.
2- Uma pessoa pode ser medianamente disléxica?
Sim. Ninguém apresenta um quadro com todos os sinais de dislexia.
3- A dislexia é uma doença?
Não.
4- A dislexia pode passar sem que se tome alguma providência?
Não.
Quanto antes ela é identificada e são tomadas as medidas de tratamento, maiores podem ser os benefícios do tratamento.

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