terça-feira, 16 de abril de 2013

COMER PEIXE FAVORECE A LONGEVIDADE, SUGERE ESTUDO AMERICANO



As pessoas com mais de 65 anos que comem peixe podem viver, em média, dois anos a mais do que pessoas que não consomem os ácidos-graxos ômega-3 encontrados principalmente nos frutos do mar, sugeriu um estudo publicado nesta segunda-feira (1º).
Segundo a pesquisa, pessoas com níveis mais altos de ácidos-graxos ômega-3 também tiveram um risco geral de morrer 27% menor e um risco de morrer de ataque cardíaco 35% inferior ao de indivíduos com as mesmas características, mas níveis sanguíneos da substância inferiores. O estudo, liderado por cientistas da Escola de Saúde Pública de Harvard, foi publicado no periódico “Annals of Internal Medicine”.
Enquanto outros estudos demonstraram um vínculo entre ácidos-graxos ômega-3 e um risco menor de desenvolver doenças cardíacas, esta pesquisa examinou registros de pessoas mais velhas para determinar qualquer vínculo entre o consumo de carne de peixe e o risco de morrer.
Os cientistas analisaram dados de 16 anos de cerca de 2.700 adultos americanos com 65 anos ou mais. Aqueles considerados no estudo não ingeriam suplementos de óleo de peixe de forma a evitar a confusão sobre o uso de suplementos e diferenças na dieta.
As pessoas com níveis sanguíneos maiores de ácidos-graxos ômega-3, encontrados sobretudo em peixes como salmão, atum, halibute, sardinha, arenque e cavala, tiveram os menores riscos de morrer de qualquer causa e viveram, em média, 2,2 anos a mais do que aquelas com níveis baixos das substâncias.
Os cientistas identificaram o ácido docosahexaenoico (DHA) como o mais fortemente vinculado a um risco inferior de doença cardíaca coronariana. O ácido eicosapentaenoico (EPA) foi fortemente relacionado a um risco menor de ataque cardíaco não fatal, enquanto o ácido docosapentaenoico (DPA) foi mais fortemente associado a um risco menor de morrer de acidente vascular cerebral.
As descobertas persistiram quando os pesquisadores fizeram ajustes demográficos, de estilo de vida e dietéticos. “Nossas descobertas sustentam a importância de níveis sanguíneos adequados de ômega-3 para a saúde cardiovascular e sugerem que mais tarde na vida estes benefícios podem na verdade prolongar os anos restantes”, afirmou o principal autor do estudo, Dariush Mozaffarian, professor associado do Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública de Harvard.
“A melhor relação custo-benefício é passar de nenhuma ingestão à ingestão moderada, ou cerca de duas porções de peixes ricos em ácidos-graxos por semana”, disse Mozaffarian. 

BRASILEIROS DESENVOLVEM MÉTODO ’SIMPLES’ PARA DETECTAR HEPATITE C



Um novo método para detectar hepatite C, considerado mais fácil e que não necessita de ferramentas hospitalares complexas, foi desenvolvido por cientistas brasileiros do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
De acordo com a instituição, a técnica necessita apenas de algumas gotas de sangue, ao menos três, e um papel filtro para coletar a amostra. Com isso, será possível definir se uma pessoa tem anticorpos contra o vírus da hepatite C e fica dispensada a necessidade de agulha, seringa e refrigeração da amostra de sangue, material exigido pela metodologia atual.
O desenvolvimento do novo método foi responsabilidade da pesquisadora Lívia Villar, do Laboratório de Hepatites Virais. Segundo ela, foram aproveitadas técnicas e materiais já utilizados na rede pública de saúde para criar uma forma “mais barata e simples” de detecção de anticorpos contra o vírus.
Na técnica, a amostra de sangue seco passa por um processo de diluição para que o sangue seja retirado do papel de filtro e submetido à análise. Ela permite a detecção simultânea de anticorpos e antígenos, que reduz o período de janela imunológica do testes. As amostras podem ser enviadas pelos Correios e ficar armazenadas por até 15 dias em temperatura ambiente, sem queda na qualidade dos resultados.
A estratégia foi elaborada no ano passado e aplicada inicialmente para o diagnóstico da hepatite B. No entanto, foi adaptada também para analisar a hepatite C. O estudo foi publicado no fim de 2012 no periódico científico “Journal of Medical Virology” e foi apontado como um método que tem sensibilidade e especificidade acima de 90%, o que é considerado bom para testes imunoenzimáticos.
A hepatite C é uma doença crônica, de evolução lenta e silenciosa, que pode levar à cirrose e ao câncer de fígado. A maior parte dos casos da doença ocorre por contaminação do sangue em transfusões realizadas antes de 1993, mas a transmissão acontece ainda por meio de objetos contaminados com sangue, como instrumentos de manicure, em procedimentos odontológicos, realização de tatuagens e colocação de piercings. Em 28 de julho será celebrado o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais.

CURIOSITY NÃO DEVE ACHAR VESTÍGIOS DE VIDA EM MARTE, DIZ CIENTISTA



 

O robô Curiosity da Nasa abriu o caminho para demonstrar que Marte e a Terra já foram iguais, mas será muito difícil que esta missão dê o grande salto de encontrar vestígios de vida no planeta vermelho, afirmou Javier Gómez-Elvira, diretor do Centro de Astrobiologia (CAB) da Espanha.
“O objetivo do Curiosity é saber se Marte foi parecido com a Terra no princípio (de sua evolução)”, explicou o cientista à Agência EFE em Viena, durante sua participação na Assembleia-Geral da União Europeia de Geociências, terminada nesta sexta-feira.
Depois do discurso em uma apresentação dos últimos dados coletados pelo veículo explorador Curiosity, Gómez-Elvira disse que essas semelhanças, como a presença de uma atmosfera apta para a vida ou a presença de água na superfície, levam a acreditar que poderia ter havido vida em Marte.
Assim, o planeta vermelho seria “outro bom candidato para ver se o que aconteceu na Terra pode acontecer em outro ponto do Sistema Solar”.
No entanto, para o chefe do CAB, um centro misto do Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial (Inta) e do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) não é provável que a missão do Curiosity dê maiores surpresas nesse sentido.
“Seria uma casualidade muito grande se houvesse esse salto”, entre outras coisas porque “ele também não possui instrumentos” para isso, explicou. Assim, o Curiosity fica encarregado de dizer se “Marte e a Terra foram parecidos”.
“Espera-se que o próximo “rover”, que a Nasa vai enviar, em 2020, dê um passo além e tente buscar vestígios de vida”, disse, confiante, Gómez-Elvira. Para essa missão de 2020, o CAB apresentou o Solid, um instrumento mais focado à detecção de vida microbiana e que espera que seja aceito pela Nasa.
Em relação às últimas análises realizadas pelo Curiosity na atmosfera de Marte, Sushil Atreya, da Universidade de Michigan, indicou, em entrevista coletiva, que ela apresenta mais evidências de que há milhões de anos foi muito mais grossa e rica e tinha as condições perfeitas para um mundo habitável. Em um processo que durou cerca de 4 bilhões de anos, Marte perdeu entre 85% e 95% de seu volume, afirmou.
O Curiosity chegou a Marte em agosto de 2012 para investigar a história meio ambiental na cratera de Gale, onde se acredita que um dia já houve as condições apropriadas para a existência de vida microbiana.
A Assembleia-Geral da União Europeia de Geociências reunirá até o dia 12 de abril cerca de 10 mil participantes que debaterão os mais variados assuntos como a mudança climática e seus custos, as últimas descobertas relacionadas a recursos naturais ou possíveis avanços no prognóstico de terremotos.
Um dos campos da atualidade que se tratarão é o do polêmico “fracking”, ou fratura hidráulica, pelo crescente desenvolvimento dessa tecnologia para explorar o gás de xisto.

PROTEÍNA DA DOENÇA DE ALZHEIMER ESTÁ LIGADA À SÍNDROME DE DOWN



O geneticista francês Jérôme Lejeune descobriu há mais de 50 anos que a síndrome de Down é causada pela presença de uma cópia extra do cromossomo 21. Mas até hoje permanece o mistério acerca de porque isso compromete o desenvolvimento físico e cognitivo. Agora, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Médica Sanford-Burnham acreditam ter encontrado uma pista.
Os cientistas, que estavam investigando a doença de Alzheimer, descobriram que ratos que não possuíam uma proteína conhecida como SNX27 tinham muitos dos mesmos déficits de aprendizagem e memória que os ratos com síndrome de Down. Investigando o cérebro de pessoas com a síndrome, os pesquisadores descobriram que eles também não tinham a SNX27.
Embora o cromossomo 21 não esteja diretamente envolvido na produção SNX27, ele codifica um regulador – miR-155 – que inibe sua produção. De acordo com o estudo, publicado no periódico Nature Medicine, os níveis de miR-155 no cérebro de pessoas com síndrome de Down se correlacionam quase exatamente com a redução da SNX27.
“No cérebro, a SNX27 mantém determinados receptores na superfície celular – os receptores que são necessários para os neurônios dispararem corretamente”, disse o autor principal do estudo, Huaxi Xu, em um comunicado divulgado pelo instituto. “Assim, acreditamos que na síndrome de Down a falta de SNX27 é pelo menos parcialmente responsável por déficits cognitivos e de desenvolvimento.”
Para testar suas descobertas, a equipe de Xu introduziu mais SNX27 nos ratos com síndrome de Down. Conforme esperado, os ratos mostraram melhoras imediatas na função cognitiva e no comportamento. Agora os pesquisadores estão investigando moléculas que possam aumentar a produção de SNX27 no cérebro humano. 

CIENTISTAS DESENVOLVEM RIM DE LABORATÓRIO


 
Um rim “criado” em laboratório foi transplantado para animais onde começou a produzir urina, afirmam cientistas norte-americanos.
A técnica, desenvolvida pelo Hospital Geral de Massachusetts e apresentada na publicação Nature Medicine, resulta em rins menos eficazes do que os naturais. Mesmo assim, os pesquisadores de medicina regenerativa afirmam que ela representa uma enorme promessa.
Técnicas semelhantes para desenvolver partes do corpo mais simples já tinham sido utilizadas antes, mas o rim é um dos órgãos mais complicados de ser desenvolvido.
Os rins filtram o sangue para remover resíduos e excesso de água. Eles também são o órgão com o maior número de pacientes na fila de espera de transplantes.
A técnica dos cientistas americanos consiste em usar um rim velho, retirar todas as suas células antigas e deixar apenas uma espécie de esqueleto, uma estrutura básica, que funcione como uma espécie de armação. A partir daí, o rim seria então reconstruído com células retiradas do paciente.
Isso teria duas grandes vantagens sobre os habituais transplantes de rim.
Como o novo tecido será formado com células do paciente, não será necessário o uso de drogas antirrejeição, que evitam que o sistema imunológico bloqueie o funcionamento do órgão “estranho” ao corpo.
Seria possível também aumentar consideravelmente o número de órgãos disponíveis para transplante. A maioria dos órgãos usados atualmente acaba rejeitada.
Teia de Células - Nesse estudo, os pesquisadores usaram um rim de rato e aplicaram um detergente para retirar as células velhas.
A teia de células restante, formada por proteínas, tem a forma do rim, e inclui uma intrincada rede de vasos sanguíneos e tubos de drenagem.
Esta rede de tubos foi utilizada para bombear as células adequadas para a parte direita do rim, onde se juntaram com a “armação” para reconstruir o órgão.
O órgão reconstituído foi mantido em um forno especial por 12 dias para imitar as condições no corpo de um rato.
Quando os rins foram testadas em laboratório, a produção de urina chegou a 23% das estruturas naturais.
A equipe, então, transplantou o órgão para um rato. Uma vez dentro do corpo, a eficácia do rim caiu para 5%.
No entanto, o pesquisador principal, Harald Ott, disse à BBC que a restauração de uma pequena fração da função normal já pode ser suficiente: “Se você estiver em hemodiálise, uma função renal de 10% a 15% já seria suficiente para livrar o paciente da hemodiálise. Ou seja, não temos que ir até o fim (garantir os 100% da função renal).”
Ele disse que o potencial é enorme: “Se você pensar sobre os Estados Unidos, há 100 mil pacientes aguardando por transplantes de rim e há apenas cerca de 18 mil transplantes realizados por ano.”
“O impacto clínico de um tratamento bem-sucedido seria enorme.”
‘Realmente Impressionante’ - Seriam necessárias ainda várias pesquisas antes de que o procedimento fosse aprovado para uso em pessoas.
A técnica necessita ser mais eficiente, para a restauração de um maior nível de função renal. Os pesquisadores também precisam provar que o rim continuaria a funcionar por um longo tempo.
Haverá também os desafios impostos pelo tamanho de um rim humano. É mais difícil colocar as células novas no lugar certo em um órgão maior.
O professor Martin Birchall, cirurgião do University College de Londres, envolveu-se em transplantes de traqueia produzidos a partir de armações desenvolvidas em laboratório.
Sobre a pesquisa com o rim, ele disse: “É extremamente interessante, e realmente impressionante.”
“Eles (os pesquisadores que desenvolveram o rim de rato) abordaram algumas das principais barreiras técnicas para tornar possível a utilização de medicina regenerativa para tratar de uma necessidade médica muito importante.”
Ele disse que tornar o desenvolvimento de órgãos acessível a pessoas que necessitam de um transplante de órgão poderia revolucionar a medicina: “Do ponto de vista cirúrgico, é quase o nirvana da medicina regenerativa que você possa atender à maior necessidade de órgãos para transplante no mundo – o rim.”