Pedagogos ambientais pesquisam maneiras mais eficientes de transmitir
informações ambientais. O tema deve ser abordado em cursos universitários,
escolas e na formação de jornalistas.
Todo mundo discute as mudanças climáticas. Muitas notícias tratam desse
tema, que também é considerado uma das grandes questões da política ambiental
desta década. Pelo menos essa é a impressão que ficou após as últimas
Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2012, no México,
de 2011, na África do Sul, e de 2012, no Catar.
Porém, uma pesquisa realizada pela Comissão Europeia revelou que essa
impressão não condiz com a realidade. Os resultados indicaram que um quarto dos
europeus são céticos com relação às mudanças climáticas. Além disso, quase
metade dos entrevistados não se considera bem informado sobre o aquecimento
global.
“Em geral, há um conhecimento superficial. Quando se trata de um tema
específico, a maioria da população sabe pouco sobre o assunto”, conta Udo
Kuckartz, professor de Pedagogia da Universidade de Marburg. “Precisamos de
novos modelos educacionais para tratar das questões climáticas e abordagens que
transformem conhecimentos em atitudes pró-ambientais.”
Da Teoria à Prática – Kuckratz, um dos pesquisadores sobre consciência
ambiental mais conhecidos da Alemanha, levanta a seguinte questão: Qual é o
método didático mais eficiente para se abordar a mudança climática com o
objetivo de gerar ações a favor do meio ambiente? Pedagogos e psicólogos do
mundo inteiro trabalham em pesquisas nessa área.
A mudança climática é um novo campo de investigação. A maioria das
pesquisas parte do seguinte princípio: descobrir quais são os modelos didáticos
utilizados atualmente para tratar dessa questão e quais deles mostram-se
eficientes em escolas e cursos de graduação e pós-graduação.
Segundo Gerhard de Haan, professor de Pedagogia da Universidade Livre de
Berlim (FU Berlin), a maioria dos cursos que abordam a temática é de formação
profissional complementar, voltada para adultos.
De Haan destaca a eficiência de bolsas para pesquisa, como as concedidas
pela Fundação Humboldt a pesquisadores de países emergentes e em
desenvolvimento. Através desse programa, os bolsistas podem trabalhar por um
ano em projetos energéticos e climáticos em universidades alemãs. “Essas ações
são muito eficientes, pois focam em multiplicadores e são voltadas para o lado
econômico. Fundações, empresas e governo deveriam oferecer mais bolsas como
essa”, diz.
Vários grupos de empresas já financiam pesquisadores. “Tem muita coisa
acontecendo no momento”, diz Kuckartz. Além disso, há iniciativas
governamentais, como na Dinamarca. Por ocasião da Conferência das Nações Unidas
sobre as Mudanças Climáticas de Copenhague, em 2009, o governo distribuiu
bolsas de estudo para estudantes estrangeiros em áreas como tecnologia eólica,
engenharia e química ambiental.
Novos Programas de Estudo – Kuckartz observou que na última década foram
criados vários cursos universitários com foco em temas como clima e energia.
“Entretanto, a maioria deles é nas áreas de ciências naturais ou administração
ambiental. Cursos com conteúdos sociais quase inexistem.”
Há também um déficit nas escolas. “Educação ambiental é um tema tratado,
principalmente, nas aulas de geografia e não em outras disciplinas, como
biologia, política e ciências sociais”, explica De Haan. Além disso, o conteúdo
ambiental não faz parte da grade curricular dos cursos de formação dos futuros
professores. Posteriormente, os docentes decidem se abordarão ou não o tema em
suas aulas.
Existem, entretanto, algumas iniciativas regionais. É o caso do programa
de formação complementar Coragem para a Sustentabilidade, financiado pela
Unesco. Esse projeto foi desenvolvido por um grupo de fundações em parceira com
o governo federal alemão e é oferecido aprofessores dos estados de Hessen,
Sarre e Renânia-Palatinado. Mas a oferta ainda é pequena. “Apenas 5% das
escolas são alcançadas pela iniciativa”, diz Kuckartz.
Formação de Jornalistas: EUA como Modelo – A falta de conhecimento sobre questões
relacionadas ao meio ambiente também atinge outros setores. Os meios de
comunicação de massa são os principais fornecedores de informação sobre o
clima. No entanto, na Europa faltam disciplinas sobre esse tema nas grades
universitárias para os estudantes de jornalismo.
Já nos Estados Unidos, há vários cursos de jornalismo ambiental. Também
são frequentes os debates especializados sobre o tema. Há ainda atores
internacionais relevantes na área, como a Sociedade de Jornalistas Ambientais
(SEJ, na sigla em inglês), que foca na questão de como produzir melhores
matérias sobre clima e meio ambiente.
Porém, o jornalismo europeu parece estar se mexendo, dedicando-se com
cada vez mais frequência aos temas clima e sustentabilidade. Grandes eventos
deram um novo sentido à temática, como o Global Media Forum da Deutsche Welle
de 2010 – voltado à formação de jornalistas sobre as mudanças climáticas.
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