Pesquisadores refutaram uma teoria defendida há muito tempo sobre como
algumas bactérias sobrevivem aos antibióticos e abriram as portas para novos
tratamentos para combater as bactérias resistentes, segundo estudo publicado
nesta quinta-feira (3) nos Estados Unidos.
Utilizando uma técnica chamada “microfluidos”, os cientistas revelaram
que, ao contrário da explicação existente há mais de 50 anos, a bactéria
resistente continua se dividindo e crescendo e, que, às vezes, morre. A velha
teoria indicava que as bactérias que sobreviviam eram aquelas individuais que
paravam de crescer e de se dividir.
“A população bacteriana que persiste, no entanto, é muito dinâmica, e as
células que a constituem estão em constante mutação, apesar de o número total
de células se manter”, explicou o microbiólogo Neerak Dhar.
Esta é uma informação crucial, enfatizam os autores do estudo, e poderá
ajudar os cientistas a desenvolver novas terapias para cepas bacterianas mais
difíceis de combater, como a tuberculose multirresistente.
“Uma população geneticamente idêntica se compõe de bactérias individuais
com um comportamento amplamente variável”, afirmou o pesquisador que liderou o
trabalho, John McKinney.
Procedimento Científico – Os pesquisadores da Escola Politécnica Federal
Suíça, em Lausanne, estudaram uma bactéria relacionada com outra causadora da
tuberculose e a submergiram em um fluido que continha isoniácidos, um agente
que acaba com essa doença.
Então descobriram que a bactéria produzia apenas uma enzima chamada de
KatG, necessária para o antibiótico trabalhar contra ela, de uma forma
intermitente. O fato de quando e como a bactéria deixa de se dividir não está
relacionado de maneira estreita com o momento em que ela morre, afirmaram os
cientistas. No entanto, a sobrevivência da bactéria em qualquer momento é
determinada pelo fato de produzir ou não a enzima em questão.
Como em algum momento certas bactérias não produziam esta enzima, a
população inteira de bactérias era capaz de sobreviver. Futuras pesquisas se
centrarão em outros micróbios, incluindo a bactéria que causa a tuberculose e a
Escherichia coli, assim como, de forma diferente, em certas células
cancerígenas que resistem ao tratamento.
“Este é um novo enfoque para tentar decifrar por que algumas infecções
são tão difíceis de eliminar”, afirmou McKinney, assegurando que as técnicas já
estão em uso em colaboração com empresas farmacêuticas, para desenvolver novos
antibióticos.
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