Calcular o valor financeiro dos ecossistemas tem se tornado um fator
cada vez mais importante para a política ambiental. Economistas propõem incluir
os custos dos danos ambientais nas decisões das empresas.
Quanto vale uma floresta? Qual é a receita gerada pela produção de uma
única abelha? E quanto custa o serviço prestado pelos manguezais ao protegerem
a costa e a vida marinha? Até agora, questões como essas desempenhavam papel
secundário na política ambiental, porque os serviços da natureza são difíceis de
mensurar economicamente. Porém, desde que o Programa Ambiental das Nações
Unidas realizou um estudo para estimar o valor da diversidade ecológica do
planeta, em 2007, a perspectiva financeira da natureza ganhou mais força.
O rendimento econômico das florestas é imenso. De acordo com o estudo
Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade (TEEB, na sigla em inglês), o mundo
perde por ano de US$ 2 trilhões a US$ 5 trilhões devido à destruição das
florestas. Conservá-las, entretanto, custaria apenas US$ 45 bilhões.
Quanto menor o ecossistema, mais preciso o estudo. De acordo com o
Centro Helmholtz de Pesquisa Ambiental (UFZ), em Leipzig, um hectare de
floresta urbana na cidade de Freiburgo vale cerca de 13 mil euros ao longo de
100 anos. As árvores agem como um filtro de ar e água, e além de armazenar gás
carbônico, a floresta fornece madeira, emprego para silvicultores e serviços de
lazer gratuitos para os cidadãos, que praticam esportes ali e não precisam
gastar dinheiro em outro lugar.
Tais considerações são incluídas nos estudos e levam a conclusões
importantes: por exemplo, que a biodiversidade aumenta a eficiência de um
ecossistema. Estuários e manguezais são tipos de vegetação com valor especial,
pois oferecem proteção contra enchentes e possibilitam a pesca. Um exemplo:
proteger 12 mil hectares de manguezais no Vietnã custa US$ 1,1 bilhão por ano.
Se fossem construídos diques para proteção artificial contra enchentes, só a
manutenção custaria US$ 7,3 bilhões por ano.
O problema é que o investimento na construção de diques é incluído no
Produto Interno Bruto (PIB) do país, já a contribuição econômica dos manguezais
não aparece em lugar nenhum. Pelo contrário: sua destruição gera, à primeira
vista, crescimento no PIB – cálculo que é criticado pelos pesquisadores de
economia ambiental.
Uma nova mentalidade – Os economistas ecológicos estão interessados em
promover a ideia de indicadores ambientais de crescimento. O economista
americano Robert Costanza propõe que as empresas paguem um fundo de precaução
quando investirem em empreendimentos de alto risco e recebam o dinheiro de
volta apenas se o projeto de fato causar pouco ou nenhum dano ambiental.
A companhia petrolífera British Petroleum, por exemplo, teria que
depositar mais de 25% do seu capital antes de começar a perfurar o Golfo do
México na busca por petróleo, destaca Constanza. “Se houvesse a regra, a
empresa decidiria não furar, ou teria que procurar maneiras de reduzir o risco
e aumentar seu investimento em tecnologia de segurança.” O derramamento de petróleo
nos Estados Unidos em 2010 é um exemplo de quanto a compensação ambiental
preventiva pode valer a pena.
Estudos como o TEEB promovem o aumento da conscientização em relação aos
custos ambientais. A economia da natureza é baseada numa proporção de 1:100.
Significa que para cada euro investido em proteção ambiental, a natureza paga
em retorno uma média de 100 euros em serviços, valor que vinha sendo ignorado
por muito tempo.
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