Cientistas da Universidade Stanford, nos EUA, desenvolveram uma pele de
plástico flexível e sensível ao toque que consegue se “curar” sozinha quando
cortada ou rasgada. Além disso, o material é capaz de sentir a menor pressão,
como o pouso de uma borboleta ou um aperto de mão.
O material sintético foi desenvolvido pela equipe da professora Zhenan
Bao, da faculdade de engenharia química de Stanford. O trabalho foi financiado
pelo Escritório de Pesquisa Científica da Força Aérea (AFOSR) dos EUA e
publicado na revista “Nature Nanotechnology”.
“Na última década, houve grandes avanços na pele sintética, mas mesmo os
materiais mais eficazes tiveram grandes inconvenientes. Alguns precisavam ser
expostos a altas temperaturas, o que os tornava inviáveis para uso no dia a
dia. Outros se curavam à temperatura ambiente, mas a reparação de um corte
mudava sua estrutura mecânica ou química”, explica a cientista.
Zhenan diz também que nenhuma “pele” autocurável era boa condutora de
eletricidade, uma propriedade crucial, principalmente se o produto for
interligado ao mundo digital. Nesse caso agora, porém, o material tem a
condutividade similar à de um metal, por meio de uma superfície áspera e
ligações de hidrogênio.
Segundo o coautor Chao Wang, essas moléculas se quebram facilmente, mas,
quando se reconectam, os laços delas se reorganizam e se restauram. Os
cientistas destacam que, para criar esse polímero, foram adicionadas pequenas
partículas de níquel, para aumentar a resistência mecânica dele.
Para ver como a pele poderia restaurar sua força mecânica e a
condutividade após ser danificada, os pesquisadores a cortaram com um bisturi e
pressionaram os pedaços suavemente por alguns segundos. O material acabou
recuperando 75% da força original e da condutividade, e ficou quase 100% novo
em 30 minutos.
“Até a pele humana leva dias para cicatrizar. Então isso é muito legal”,
avalia Benjamin Chee-Keong Tee, um dos principais autores. Além disso, a mesma
amostra pode ser cortada várias vezes no mesmo lugar. Após 50 incisões e reparos,
o material ainda resistiu à flexão e ao alongamento, da mesma forma que o
original.
A equipe também tem explorado como usar a pele artificial como um sensor
eletrônico. Segundo Tee, há várias possibilidades comerciais para o produto,
com aplicação em dispositivos e fios elétricos de difícil acesso, como dentro
de paredes de prédios ou veículos.
O desafio agora é tornar o tecido elástico e transparente, para envolver
e guardar aparelhos eletrônicos e telas de exibição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário