Pesquisadores americanos anunciaram na segunda-feira (26) a descoberta
de bactérias que vivem em um lago salgado da Antártica sem luz nem oxigênio, um
ambiente extremo que pode existir em outras partes do nosso Sistema Solar.
Esse lago, chamado Vida, tem concentrações muito elevadas de substâncias
como amoníaco, nitrogênio, hidrogênio, enxofre e óxido nitroso. O local abriga
micro-organismos sob 20 metros de gelo, com uma taxa de salinidade superior a
20% e temperatura inferior a 13° C negativos.
“A descoberta desse ecossistema nos dá pistas não apenas sobre outros
ambientes gelados e isolados da Terra, mas também sobre um modelo de vida em
outros planetas cobertos de gelo que podem abrigar depósitos de sal e oceanos,
como Europa, uma das luas de Júpiter”, disse Nathaniel Ostrom, da Univerisdade
de Michigan e coautor do trabalho publicado na revista “Proceedings of the
National Academy of Sciences” (PNAS).
As altas concentrações de hidrogênio e óxido de nitrogênio em forma
gasosa provavelmente proporcionam a fonte de energia química para a existência
desse ecossistema isolado, estimam os cientistas. Esses gases se formam a
partir de reações químicas da água muito salgada com rochas ricas em ferro.
“Não conhecíamos até agora quase nada sobre esses processos geoquímicos
e da vida microbiana nesses ambientes gelados, especialmente em temperaturas
abaixo de zero”, disse Alison Murray, do Instituto de Pesquisas do Deserto na
Universidade de Nevada.
Apesar das temperaturas baixas, da ausência de luz e da forte salinidade,
a Antártica abriga uma fauna abundante de bactérias capazes de sobreviver sem
energia solar.
Estudos prévios no lago Vida revelam que esses ecossistemas bacterianos
estiveram isolados de qualquer influência externa por quase 3 mil anos, ao
contrário de outros ambientes extremos que vivem sem luz próximos a fontes
hidrotermais no fundo dos oceanos.
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