A Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ) desenvolveu alternativas ecológicas para
matérias-primas do concreto e de produtos de fibrocimento (como caixas d’água e
telhas). Segundo o pesquisador Romildo Toledo, o uso de materiais tradicionais,
como o cimento, a brita e o amianto, pode ser reduzido ou até completamente
substituído com a utilização de fibras vegetais e materiais reciclados.
No caso do concreto, liga formada por cimento, brita (pedra) e areia, é
possível reduzir o consumo de cimento em 20% a 40% com alternativas como cinza
de bagaço de cana-de-açúcar, cinza de casca de arroz e resíduos da indústria
cerâmica. A brita pode ser completamente substituída por materiais obtidos em
demolições de construções antigas.
No caso do fibrocimento, usado na fabricação de telhas ou caixas d’água,
o consumo de cimento pode ser reduzido em até 50% com o uso de alternativas
ecológicas. As fibras vegetais substituem as fibras minerais tradicionais, como
o amianto, que provocam danos à saúde humana. Há estudos com outros materiais
como borracha de pneu usado, cinzas de esgoto sanitário ou de queima do lixo
para substituir, pelo menos parcialmente, o cimento.
“Alguns tipos de concreto ecológico já estão prontos para serem
repassados ao setor produtivo, mas há outros que ainda estão em fase final de
desenvolvimento. São soluções que reduzem impacto na construção civil, seja por
redução da emissão de gás carbônico, pelo uso de materiais naturais etc. E
todas levam a resultados tão bons quanto os materiais tradicionais. Essa é uma
preocupação: não ter performance inferior aos que os materiais tradicionais
têm. O consumidor não vai sentir problemas de durabilidade, como a casa ou o
prédio terem vida útil menor”, disse Toledo.
Segundo a Coppe, a indústria cimenteira responde por 5% a 7% das
emissões mundiais de gases do efeito estufa. A produção atual de cimento
corresponde a cerca de 3 bilhões de toneladas por ano, que deve triplicar em 50
anos.
Segundo o pesquisador, as alternativas ecológicas ao concreto têm
chamado a atenção de algumas empresas. Na última sexta-feira (14), por exemplo,
Toledo apresentou sua pesquisa a representantes de empresas de materiais de
construção norte-americanas na Câmara de Comércio Americana (Amcham) do Rio de
Janeiro.
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