Esquema representativo
das várias componentes do desenvolvimento sustentável
Para que o desenvolvimento global seja possível, a ciência e os
cientistas precisam atingir um grau maior de influência em todo o mundo,
afirmou Michael Clegg, presidente da Rede Interamericana das Academias de
Ciência (Ianas, na sigla em inglês), durante a abertura do 1º Encontro
Preparatório para o Fórum Mundial de Ciência 2013, realizado na sede da FAPESP
entre 29 e 31 de agosto.
A humanidade, afirmou Clegg, enfrentará grandes desafios no século 21,
como mudanças climáticas, doenças emergentes, crescimento populacional e as
consequentes dificuldades no abastecimento de alimentos, água e energia.
“É crucial ouvir a voz da ciência ao tratar de problemas mundiais, pois
esse é o meio mais bem-sucedido de criação do conhecimento e lida
exclusivamente com argumentos baseados em evidências”, disse.
Embora muitos problemas sejam globais, de acordo com Clegg, a adoção de
soluções deve ocorrer no âmbito nacional e, portanto, as academias de ciência
locais cumprem um papel importante.
“São instituições livres de interferência política, com credibilidade
para informar o público e os tomadores de decisão sobre problemas iminentes e
potenciais soluções”, avaliou.
Clegg propôs a adoção de uma agenda comum para as academias de ciência,
que inclui itens como fornecer conselhos sobre ciência e tecnologia para os
governantes, encorajar novos centros de excelência nas áreas de interesse das
nações e promover a evolução dos programas educacionais.
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura do encontro Marco
Antonio Raupp, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Jacob Palis,
presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), e Helena Nader, presidente
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A FAPESP foi
representada por Celso Lafer, presidente, José Arana Varela,
diretor-presidente, e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico.
O Fórum Mundial da Ciência 2013 ocorrerá no Rio de Janeiro, com
organização da Academia de Ciências da Hungria, em parceria com a Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o
International Council for Science (ICSU), a Academy of Sciences for the
Developing World (TWAS), a European Academies Science Advisory Council (EASAC),
a American Association for the Advancement of Science (AAAS) e a ABC. O Fórum
tem a missão de promover o debate entre comunidade científica e sociedade.
“A realização do Fórum Mundial da Ciência no Brasil em 2013 dará grande
visibilidade à ciência brasileira. É um indício de que conquistamos
legitimidade e uma forte presença internacional”, disse Palis.
Nader destacou o trabalho de todas as academias de ciência da América
Latina para que o fórum seja realizado fora da Hungria pela primeira vez. “Como
esse evento é voltado a uma plateia mais restrita, o Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação resolveu organizar encontros preparatórios para fazer a
discussão sobre a ciência reverberar pelo país”, disse.
Além de São Paulo, serão realizados ao longo do ano encontros em Belo
Horizonte, Salvador, Recife, Manaus, Porto Alegre e Brasília. Ao fim do debate
nacional, as proposições e principais conclusões sobre o papel da ciência no
desenvolvimento global serão consolidadas em um documento que será divulgado
antes da reunião internacional no Rio de Janeiro em novembro de 2013.
Evolução da Ciência Brasileira – Brito Cruz ressaltou a satisfação da FAPESP em
dar início às discussões sobre o Fórum Mundial da Ciência no Brasil. “A escolha
do país vem em reconhecimento de nossa evolução no que diz respeito à ciência e
tecnologia, notável nos últimos anos. Uma das mudanças importantes tem sido o
aumento do papel das empresas na atividade científica”, ressaltou.
O crescimento da produção brasileira no setor também foi destacado pelo
ministro Raupp. Segundo ele, os gastos do país com pesquisa e desenvolvimento
cresceram 85% nos últimos dez anos, embora ainda estejam aquém do ideal.
O número de grupos de pesquisa registrados no CNPq, disse o ministro,
saltou de 12 mil em 2000 para mais de 27 mil em 2012 – aumento de 134%. O
número de artigos publicados em revistas internacionais passou de 3,5 mil em
1990 (0,63% da produção científica mundial) para 32,1 mil em 2009 (2,69% da
produção mundial).
De acordo com Raupp, a expectativa é que o Fórum Mundial contribua para
acelerar a corrida do país em direção ao desenvolvimento sustentado. “O Brasil
está rumando para a nova economia, cujos pré-requisitos são competitividade e
sustentabilidade, que só se alcança com o uso intensivo do conhecimento
científico e tecnológico.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário