terça-feira, 16 de abril de 2013

COMER PEIXE FAVORECE A LONGEVIDADE, SUGERE ESTUDO AMERICANO



As pessoas com mais de 65 anos que comem peixe podem viver, em média, dois anos a mais do que pessoas que não consomem os ácidos-graxos ômega-3 encontrados principalmente nos frutos do mar, sugeriu um estudo publicado nesta segunda-feira (1º).
Segundo a pesquisa, pessoas com níveis mais altos de ácidos-graxos ômega-3 também tiveram um risco geral de morrer 27% menor e um risco de morrer de ataque cardíaco 35% inferior ao de indivíduos com as mesmas características, mas níveis sanguíneos da substância inferiores. O estudo, liderado por cientistas da Escola de Saúde Pública de Harvard, foi publicado no periódico “Annals of Internal Medicine”.
Enquanto outros estudos demonstraram um vínculo entre ácidos-graxos ômega-3 e um risco menor de desenvolver doenças cardíacas, esta pesquisa examinou registros de pessoas mais velhas para determinar qualquer vínculo entre o consumo de carne de peixe e o risco de morrer.
Os cientistas analisaram dados de 16 anos de cerca de 2.700 adultos americanos com 65 anos ou mais. Aqueles considerados no estudo não ingeriam suplementos de óleo de peixe de forma a evitar a confusão sobre o uso de suplementos e diferenças na dieta.
As pessoas com níveis sanguíneos maiores de ácidos-graxos ômega-3, encontrados sobretudo em peixes como salmão, atum, halibute, sardinha, arenque e cavala, tiveram os menores riscos de morrer de qualquer causa e viveram, em média, 2,2 anos a mais do que aquelas com níveis baixos das substâncias.
Os cientistas identificaram o ácido docosahexaenoico (DHA) como o mais fortemente vinculado a um risco inferior de doença cardíaca coronariana. O ácido eicosapentaenoico (EPA) foi fortemente relacionado a um risco menor de ataque cardíaco não fatal, enquanto o ácido docosapentaenoico (DPA) foi mais fortemente associado a um risco menor de morrer de acidente vascular cerebral.
As descobertas persistiram quando os pesquisadores fizeram ajustes demográficos, de estilo de vida e dietéticos. “Nossas descobertas sustentam a importância de níveis sanguíneos adequados de ômega-3 para a saúde cardiovascular e sugerem que mais tarde na vida estes benefícios podem na verdade prolongar os anos restantes”, afirmou o principal autor do estudo, Dariush Mozaffarian, professor associado do Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública de Harvard.
“A melhor relação custo-benefício é passar de nenhuma ingestão à ingestão moderada, ou cerca de duas porções de peixes ricos em ácidos-graxos por semana”, disse Mozaffarian. 

BRASILEIROS DESENVOLVEM MÉTODO ’SIMPLES’ PARA DETECTAR HEPATITE C



Um novo método para detectar hepatite C, considerado mais fácil e que não necessita de ferramentas hospitalares complexas, foi desenvolvido por cientistas brasileiros do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
De acordo com a instituição, a técnica necessita apenas de algumas gotas de sangue, ao menos três, e um papel filtro para coletar a amostra. Com isso, será possível definir se uma pessoa tem anticorpos contra o vírus da hepatite C e fica dispensada a necessidade de agulha, seringa e refrigeração da amostra de sangue, material exigido pela metodologia atual.
O desenvolvimento do novo método foi responsabilidade da pesquisadora Lívia Villar, do Laboratório de Hepatites Virais. Segundo ela, foram aproveitadas técnicas e materiais já utilizados na rede pública de saúde para criar uma forma “mais barata e simples” de detecção de anticorpos contra o vírus.
Na técnica, a amostra de sangue seco passa por um processo de diluição para que o sangue seja retirado do papel de filtro e submetido à análise. Ela permite a detecção simultânea de anticorpos e antígenos, que reduz o período de janela imunológica do testes. As amostras podem ser enviadas pelos Correios e ficar armazenadas por até 15 dias em temperatura ambiente, sem queda na qualidade dos resultados.
A estratégia foi elaborada no ano passado e aplicada inicialmente para o diagnóstico da hepatite B. No entanto, foi adaptada também para analisar a hepatite C. O estudo foi publicado no fim de 2012 no periódico científico “Journal of Medical Virology” e foi apontado como um método que tem sensibilidade e especificidade acima de 90%, o que é considerado bom para testes imunoenzimáticos.
A hepatite C é uma doença crônica, de evolução lenta e silenciosa, que pode levar à cirrose e ao câncer de fígado. A maior parte dos casos da doença ocorre por contaminação do sangue em transfusões realizadas antes de 1993, mas a transmissão acontece ainda por meio de objetos contaminados com sangue, como instrumentos de manicure, em procedimentos odontológicos, realização de tatuagens e colocação de piercings. Em 28 de julho será celebrado o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais.

CURIOSITY NÃO DEVE ACHAR VESTÍGIOS DE VIDA EM MARTE, DIZ CIENTISTA



 

O robô Curiosity da Nasa abriu o caminho para demonstrar que Marte e a Terra já foram iguais, mas será muito difícil que esta missão dê o grande salto de encontrar vestígios de vida no planeta vermelho, afirmou Javier Gómez-Elvira, diretor do Centro de Astrobiologia (CAB) da Espanha.
“O objetivo do Curiosity é saber se Marte foi parecido com a Terra no princípio (de sua evolução)”, explicou o cientista à Agência EFE em Viena, durante sua participação na Assembleia-Geral da União Europeia de Geociências, terminada nesta sexta-feira.
Depois do discurso em uma apresentação dos últimos dados coletados pelo veículo explorador Curiosity, Gómez-Elvira disse que essas semelhanças, como a presença de uma atmosfera apta para a vida ou a presença de água na superfície, levam a acreditar que poderia ter havido vida em Marte.
Assim, o planeta vermelho seria “outro bom candidato para ver se o que aconteceu na Terra pode acontecer em outro ponto do Sistema Solar”.
No entanto, para o chefe do CAB, um centro misto do Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial (Inta) e do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) não é provável que a missão do Curiosity dê maiores surpresas nesse sentido.
“Seria uma casualidade muito grande se houvesse esse salto”, entre outras coisas porque “ele também não possui instrumentos” para isso, explicou. Assim, o Curiosity fica encarregado de dizer se “Marte e a Terra foram parecidos”.
“Espera-se que o próximo “rover”, que a Nasa vai enviar, em 2020, dê um passo além e tente buscar vestígios de vida”, disse, confiante, Gómez-Elvira. Para essa missão de 2020, o CAB apresentou o Solid, um instrumento mais focado à detecção de vida microbiana e que espera que seja aceito pela Nasa.
Em relação às últimas análises realizadas pelo Curiosity na atmosfera de Marte, Sushil Atreya, da Universidade de Michigan, indicou, em entrevista coletiva, que ela apresenta mais evidências de que há milhões de anos foi muito mais grossa e rica e tinha as condições perfeitas para um mundo habitável. Em um processo que durou cerca de 4 bilhões de anos, Marte perdeu entre 85% e 95% de seu volume, afirmou.
O Curiosity chegou a Marte em agosto de 2012 para investigar a história meio ambiental na cratera de Gale, onde se acredita que um dia já houve as condições apropriadas para a existência de vida microbiana.
A Assembleia-Geral da União Europeia de Geociências reunirá até o dia 12 de abril cerca de 10 mil participantes que debaterão os mais variados assuntos como a mudança climática e seus custos, as últimas descobertas relacionadas a recursos naturais ou possíveis avanços no prognóstico de terremotos.
Um dos campos da atualidade que se tratarão é o do polêmico “fracking”, ou fratura hidráulica, pelo crescente desenvolvimento dessa tecnologia para explorar o gás de xisto.

PROTEÍNA DA DOENÇA DE ALZHEIMER ESTÁ LIGADA À SÍNDROME DE DOWN



O geneticista francês Jérôme Lejeune descobriu há mais de 50 anos que a síndrome de Down é causada pela presença de uma cópia extra do cromossomo 21. Mas até hoje permanece o mistério acerca de porque isso compromete o desenvolvimento físico e cognitivo. Agora, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Médica Sanford-Burnham acreditam ter encontrado uma pista.
Os cientistas, que estavam investigando a doença de Alzheimer, descobriram que ratos que não possuíam uma proteína conhecida como SNX27 tinham muitos dos mesmos déficits de aprendizagem e memória que os ratos com síndrome de Down. Investigando o cérebro de pessoas com a síndrome, os pesquisadores descobriram que eles também não tinham a SNX27.
Embora o cromossomo 21 não esteja diretamente envolvido na produção SNX27, ele codifica um regulador – miR-155 – que inibe sua produção. De acordo com o estudo, publicado no periódico Nature Medicine, os níveis de miR-155 no cérebro de pessoas com síndrome de Down se correlacionam quase exatamente com a redução da SNX27.
“No cérebro, a SNX27 mantém determinados receptores na superfície celular – os receptores que são necessários para os neurônios dispararem corretamente”, disse o autor principal do estudo, Huaxi Xu, em um comunicado divulgado pelo instituto. “Assim, acreditamos que na síndrome de Down a falta de SNX27 é pelo menos parcialmente responsável por déficits cognitivos e de desenvolvimento.”
Para testar suas descobertas, a equipe de Xu introduziu mais SNX27 nos ratos com síndrome de Down. Conforme esperado, os ratos mostraram melhoras imediatas na função cognitiva e no comportamento. Agora os pesquisadores estão investigando moléculas que possam aumentar a produção de SNX27 no cérebro humano. 

CIENTISTAS DESENVOLVEM RIM DE LABORATÓRIO


 
Um rim “criado” em laboratório foi transplantado para animais onde começou a produzir urina, afirmam cientistas norte-americanos.
A técnica, desenvolvida pelo Hospital Geral de Massachusetts e apresentada na publicação Nature Medicine, resulta em rins menos eficazes do que os naturais. Mesmo assim, os pesquisadores de medicina regenerativa afirmam que ela representa uma enorme promessa.
Técnicas semelhantes para desenvolver partes do corpo mais simples já tinham sido utilizadas antes, mas o rim é um dos órgãos mais complicados de ser desenvolvido.
Os rins filtram o sangue para remover resíduos e excesso de água. Eles também são o órgão com o maior número de pacientes na fila de espera de transplantes.
A técnica dos cientistas americanos consiste em usar um rim velho, retirar todas as suas células antigas e deixar apenas uma espécie de esqueleto, uma estrutura básica, que funcione como uma espécie de armação. A partir daí, o rim seria então reconstruído com células retiradas do paciente.
Isso teria duas grandes vantagens sobre os habituais transplantes de rim.
Como o novo tecido será formado com células do paciente, não será necessário o uso de drogas antirrejeição, que evitam que o sistema imunológico bloqueie o funcionamento do órgão “estranho” ao corpo.
Seria possível também aumentar consideravelmente o número de órgãos disponíveis para transplante. A maioria dos órgãos usados atualmente acaba rejeitada.
Teia de Células - Nesse estudo, os pesquisadores usaram um rim de rato e aplicaram um detergente para retirar as células velhas.
A teia de células restante, formada por proteínas, tem a forma do rim, e inclui uma intrincada rede de vasos sanguíneos e tubos de drenagem.
Esta rede de tubos foi utilizada para bombear as células adequadas para a parte direita do rim, onde se juntaram com a “armação” para reconstruir o órgão.
O órgão reconstituído foi mantido em um forno especial por 12 dias para imitar as condições no corpo de um rato.
Quando os rins foram testadas em laboratório, a produção de urina chegou a 23% das estruturas naturais.
A equipe, então, transplantou o órgão para um rato. Uma vez dentro do corpo, a eficácia do rim caiu para 5%.
No entanto, o pesquisador principal, Harald Ott, disse à BBC que a restauração de uma pequena fração da função normal já pode ser suficiente: “Se você estiver em hemodiálise, uma função renal de 10% a 15% já seria suficiente para livrar o paciente da hemodiálise. Ou seja, não temos que ir até o fim (garantir os 100% da função renal).”
Ele disse que o potencial é enorme: “Se você pensar sobre os Estados Unidos, há 100 mil pacientes aguardando por transplantes de rim e há apenas cerca de 18 mil transplantes realizados por ano.”
“O impacto clínico de um tratamento bem-sucedido seria enorme.”
‘Realmente Impressionante’ - Seriam necessárias ainda várias pesquisas antes de que o procedimento fosse aprovado para uso em pessoas.
A técnica necessita ser mais eficiente, para a restauração de um maior nível de função renal. Os pesquisadores também precisam provar que o rim continuaria a funcionar por um longo tempo.
Haverá também os desafios impostos pelo tamanho de um rim humano. É mais difícil colocar as células novas no lugar certo em um órgão maior.
O professor Martin Birchall, cirurgião do University College de Londres, envolveu-se em transplantes de traqueia produzidos a partir de armações desenvolvidas em laboratório.
Sobre a pesquisa com o rim, ele disse: “É extremamente interessante, e realmente impressionante.”
“Eles (os pesquisadores que desenvolveram o rim de rato) abordaram algumas das principais barreiras técnicas para tornar possível a utilização de medicina regenerativa para tratar de uma necessidade médica muito importante.”
Ele disse que tornar o desenvolvimento de órgãos acessível a pessoas que necessitam de um transplante de órgão poderia revolucionar a medicina: “Do ponto de vista cirúrgico, é quase o nirvana da medicina regenerativa que você possa atender à maior necessidade de órgãos para transplante no mundo – o rim.”

quinta-feira, 28 de março de 2013

OMS PEDE MAIS VERBA PARA COMBATE À TUBERCULOSE


Variedades letais da tuberculose resistentes a múltiplas drogas estão se espalhando pelo mundo, e as autoridades precisam urgentemente de mais US$ 1,6 bilhão por ano para enfrentá-las, disseram autoridades sanitárias globais na segunda-feira.
Em nota conjunta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo Global para o Combate a Aids, Tuberculose e Malária cobraram dos doadores um “financiamento significativo” para ajudar os especialistas a detectar todos os casos existentes da doença, tratando os mais sérios.
“Estamos com a água pelo pescoço num momento em que precisamos desesperadamente ampliar nossa resposta à tuberculose resistente a múltiplas drogas”, disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS.
A tuberculose costuma ser vista como uma doença do passado, mas o surgimento de cepas resistentes a várias drogas fez com que ela virasse na última década um dos mais prementes problemas sanitários do planeta.
De todas as doenças infecciosas, só o HIV (vírus que causa a Aids) mata mais gente.
Em 2011, 8,7 milhões de pessoas contraíram tuberculose, e 1,4 milhão morreram. A OMS diz que até 2 milhões de pessoas poderão estar contaminadas com cepas resistentes até 2015.
Mesmo a tuberculose comum tem uma cura demorada. Os pacientes precisam usar um coquetel de antibióticos durante seis meses, e muita gente abandona o tratamento. Isso, junto com o uso excessivo ou equivocado de antibióticos, tem contribuído para que o bacilo desenvolva resistência.
A tuberculose multirresistente consegue “driblar” dois remédios habitualmente usados, e uma forma ainda mais severa, conhecida como tuberculose extensivamente resistente a drogas, é capaz de sobreviver até mesmo a algumas drogas mais eficazes. A OMS disse que casos desse tipo foram localizados em 77 países em 2011.
Na Índia, médicos relataram também casos de tuberculose totalmente resistente, para a qual não há drogas eficazes.
A OMS e o Fundo Global calculam que haverá um déficit de 1,6 bilhão de dólares na quantia anual necessária para o combate à tuberculose em 118 países de baixa e média renda.
Se essa lacuna for preenchida, 17 milhões de pacientes de tuberculose – inclusive das cepas resistentes- poderiam ser totalmente tratados, salvando cerca de 6 milhões de vidas entre 2014 e 16, segundo as agências.
“É crítico que arrecademos a verba que é urgentemente necessária para controlar a doença”, disse na nota Mark Dybul, diretor-executivo do Fundo Global. “Se não agirmos agora, nossos custos podem disparar. É investir agora ou pagar para sempre.”

ANÁLISE DE VENENO DE COBRA REVELA POTENCIAL PARA TRATAR HIPERTENSÃO



Pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, descobriram 30 moléculas a partir do mapeamento de peptídeos no veneno de três espécies de cobras – a Bothrops jararaca, a Bothrops cotiara e a Bothrops fonsecai. Cinco desses peptídeos (compostos formados por aminoácidos e sintetizados por seres vivos) foram recriados em laboratório, passaram por testes em ratos e quatro deles apresentaram atividade anti-hipertensiva, o que dá a eles potencial para, no futuro, serem usados em medicamentos contra problemas de pressão arterial.
Os quatro peptídeos se somam a outros 13, entre os descobertos, que são da família dos potenciadores de bradicinina. Segundo a coordenadora do estudo, a pesquisadora Solange Maria de Toledo Serrano, do Instituto Butantan, este grupo de moléculas é conhecido há décadas por possuir efeitos sobre a pressão arterial. Pesquisas anteriores com peptídeos da mesma família deram origem a remédios contra a hipertensão – o primeiro deles a ser isolado do veneno da jararaca, nos anos 1960, levou à criação do remédio Captopril, por exemplo.
Análise Profunda – “Fizemos uma análise profunda e extensa dos peptidomas [conjuntos de peptídeos] do veneno das três serpentes. Foi um estudo bioquímico de alto nível, do ponto de vista da complexidade do veneno”, diz a pesquisadora. As análises foram realizadas no Laboratório Especial de Toxinologia Aplicada, no Butantan.
Solange ressalta que o objetivo do estudo não foi descobrir novas moléculas, mas descrever a complexidade do conjunto de peptídeos no veneno das três espécies de animais.
A pesquisa, que foi publicada na edição de novembro da revista “Molecular & Cellular Proteomics”, é a mais profunda já realizada sobre peptidomas de veneno de serpentes, de acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
No total, foram sequenciados 44 peptídeos, sendo que 30 eram desconhecidos. O estudo usou técnicas de bioinformática e de espectrometria de massas, método científico que identifica elementos que compõem uma substância e ajuda a obter informações sobre a estrutura de moléculas.
Uma das dificuldades foi fazer o sequenciamento dos peptídeos, já que faltam informações sobre a genética das serpentes e as cadeias de aminoácidos que compõem os peptídeos e proteínas destes animais.
“Como não se conhece o genoma completo de nenhuma espécie de serpente venenosa no mundo, então os bancos de dados não têm muitas informações sobre os peptídeos destes animais. Não se compara ao que existe em mamíferos”, afirma Solange. A falta de dados dificultou identificar de forma automática as cadeias de aminoácidos, e muitas vezes foi preciso fazer o sequenciamento manualmente, ressalta a pesquisadora.
A pesquisadora ressalta que, ainda que venenos de cobras contenham moléculas com atividades biológicas interessantes, o trabalho não visa descobrir um novo medicamento, e que a descoberta das moléculas com características anti-hipertensivas representam apenas um potencial. Para chegar a um remédio, é preciso tempo e investimento em novos estudos, pondera. 

NOVO CENTRO DE ALTA TECNOLOGIA ESTUDA GENOMA E CÉLULAS NA UNICAMP

 
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) inaugurou, no início deste mês, um laboratório de alta tecnologia que integra de forma pioneira no país áreas de pesquisa de genoma e células humanas.
O Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho em Ciências da Vida (LaCTAD) faz parte da aposta da universidade em espaços multisciplinares que ampliem os pontos de contato entre as diversas áreas do conhecimento.
Antes de ocupar um prédio de 1,2 mil metros quadrados, que custou R$ 4,5 milhões, o LaCTAD estava disperso entre os institutos de Química, Biologia e o Hemocentro da universidade.
Fragmentado assim, funcionava desde a segunda metade de 2012.
Com a unificação do laboratório, serão realizadas pesquisas sofisticadas sobre genes e células, só possíveis devido aos seus equipamentos de alta tecnologia.
“Hoje as ciências da vida exigem dados que esses equipamentos geram”, diz o Prof. Dr. Ronaldo Allesi Pilli, pró-reitor de pesquisa da Unicamp.
“Arcar com os custos (compra, operação, manutenção) dos aparelhos inviabilizaria qualquer pesquisa”, afirma Pilli. Com resultados mais refinados, a Unicamp quer aumentar a visibilidade de seus trabalhos.
Genoma – Especializado em quatro áreas, o LaCTAD já recebeu cerca de cem cientistas de dentro e de fora da Unicamp. Os pesquisadores de genômica sequenciam o código genético para identificar padrões e possíveis anomalias. O código é uma espécie de “receita de bolo” do funcionamento do corpo de todo ser vivo.
Com isso, tentam descobrir por que ocorrem certos desvios dos genes, geralmente relacionados a alguma doença. Já a área de bioinformática reconstrói em computadores o genoma desmontado pelos cientistas.
Para se ter ideia do gigantismo da operação, em 11 dias, o analisador de genoma sequencia 600 trilhões de bases de DNA. Com isso, é possível sequenciar os códigos genéticos de 200 pessoas.
Para guardar tanta informação, o LaCTAD conta com um sistema de armazenamento (storage) próprio de 48 Terabytes.
Sem todo o aparato, o sequenciamento de um único genoma poderia demorar até um mês. “Esses equipamentos geram grande quantidades de dados e podem funcionar sete dias por semana”, afirmou ao G1 o pró-reitor de pesquisa da Unicamp.
As outras áreas são a proteômica, que estuda como os genes sintetizam as proteínas, e a de biologia celular, que analisa o comportamento das células.
Com isso, podem, por exemplo, verificar qual o efeito que determinado narcótico exerce sobre as funções celulares.
Mão de Obra – Para custear os equipamentos, a Unicamp recebeu R$ 5 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Além dos sequenciadores e do storage, foram comprados aparelhos como um microscópio celular.
No momento a equipe conta com dez funcionários e, até o fim do ano, mais sete deverão ser contratados.
Além de todo trabalho de pesquisa, o LaCTAD também tem o objetivo de formar mão-de-obra técnica. Para isso, promove cursos de Bioinformática. Já foram seis turmas em que 280 pessoas já se formaram. A próxima edição do curso “Algoritmos e Técnicas Computacionais para Montagem e Análise de Genomas” ocorrerá em julho.

ESTUDO CONCLUI QUE FIM DOS DINOSSAUROS ‘FOI CAUSADO POR COMETA’



A rocha espacial que atingiu a Terra há 65 milhões de anos e é tida como causadora da extinção dos dinossauros foi provavelmente um cometa, concluiu um estudo divulgado por cientistas americanos.
Segundo a pesquisa, a cratera Chicxulub, no México – que tem 180 km de diâmetro – foi criada por um objeto menor do que o que se imaginava anteriormente.
Muitos cientistas consideram que um asteroide grande e relativamente lento teria sido o responsável. Os detalhes do estudo, feito por uma equipe do Darthmouth College, universidade no Estado americano de New Hampshire (nordeste do país), foram divulgados na 44ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária, realizada no Estado do Texas, no sul dos Estados Unidos.
“O objetivo maior do nosso projeto é caracterizar melhor o que causou o impacto que produziu a cratera na península de Yucatán (no México)”, disse Jason Moore, do Dartmouth College, a BBC News. No entanto, outros pesquisadores ainda são cautelosos a respeito dos resultados da pesquisa.
Química Extraterrestre – A colisão da rocha espacial com a Terra criou em todo o planeta uma camada de sedimentos com o elemento químico irídio em concentrações muito mais altas do que o que ocorre naturalmente.
No entanto, a equipe de pesquisadores sugere que os índices de irídio citados atualmente estão incorretos. Usando uma comparação com outro elemento extraterrestre depositado no impacto – o ósmio – eles conseguiram deduzir que a colisão depositou menos resíduos do que o que se acreditava.
Os valores recalculados de irídio sugerem que um corpo celeste menor atingiu a Terra. Na segunda parte do trabalho, os pesquisadores tentaram relacionar o novo valor com as propriedades físicas conhecidas da cratera de Chicxulub. Para que essa rocha espacial menor tenha produzido uma cratera de 180 km de largura, ela deve ter viajado relativamente rápido.
A equipe calculou que um cometa de longo período se ajustava à descrição muito melhor do que outros possíveis candidatos. “Seria preciso um asteroide de cerca de 5 km de diâmetro para trazer tanto irídio e ósmio. Mas um asteroide desse tamanho não produziria uma cratera de 200 km de diâmetro”, disse Moore.
“Como conseguimos algo que tenha energia suficiente para gerar uma cratera daquele tamanho, mas tenha muito menos material rochoso? Isso nos leva aos cometas.”
Cometas de longo período são corpos celestes de poeira, rocha e gelo que têm órbitas excêntricas ao redor do Sol.
Eles podem levar centenas, milhares e em alguns casos até milhões de anos para completar uma órbita.
O evento que causou a extinção há 65 milhões de anos é associado, hoje em dia, à cratera no México. O acontecimento teria matado cerca de 70% das espécies na Terra em um curto período de tempo, especialmente os dinossauros.
A enorme colisão teria gerado incêndios, terremotos e imensos tsunamis. O gás e a poeira lançados na atmosfera teriam contribuído para a queda das temperaturas globais por muitos anos.
Perda de Massa – Gareth Collins, que pesquisa impactos que produzem crateras na universidade Imperial College London, na região de Londres, disse que a pesquisa da equipe do Dartmouth College é “provocadora”.
No entanto, ele disse à BBC que não acha “possível determinar precisamente o tamanho do corpo que causou o impacto apenas com a geoquímica”. “A geoquímica diz – com bastante precisão – somente a massa do material meteorítico que está distribuída globalmente, não a massa total do causador do impacto. Para estimar isso, é preciso saber que fração do corpo celeste estava distribuída na hora do impacto, não foi ejetada para o espaço, nem caiu perto da cratera.”
“Os autores (da pesquisa) sugerem que 75% da massa do causador do impacto estava distribuída globalmente, então chegaram a um corpo relativamente pequeno, mas na verdade essa fração pode ser menor do que 20%.”
A teoria deixaria a porta a aberta para a hipótese de que um asteroide maior e mais lento, que perdeu teria perdido massa antes do impacto com o solo, tenha sido o causador da extinção.
Os pesquisadores americanos aceitam a hipótese, mas citam estudos recentes que sugerem que a perda de massa do corpo celeste no impacto de Chicxulub esteve entre 11% e 25%. Nos últimos anos, diversos corpos celestes surpreenderam os astrônomos, servindo como lembrança de que nossa vizinhança cósmica continua atribulada.
No dia 15 de fevereiro de 2012, o DA14, um asteroide com volume equivalente ao de uma piscina olímpica, passou de raspão pela Terra a uma distância de somente 27,7 mil km. Ele só havia sido descoberto no ano anterior.
No mesmo dia, uma rocha espacial de 17 metros explodiu nas montanhas Urais, da Rússia, com uma energia equivalente a cerca de 440 quilotoneladas de TNT. Cerca de mil pessoas ficaram feridas quando o choque do impacto explodiu janelas e sacudiu edifícios.
Cerca de 95% dos objetos próximos da Terra com mais de 1 km de diâmetro já foram descobertos. No entanto, somente 10% dos 13 a 20 mil asteroides acima de 140 metros de diâmetro estão sendo monitorados.

quarta-feira, 27 de março de 2013

CAMPANHA DE VACINAÇÃO CONTRA GRIPE QUER IMUNIZAR 31,3 MILHÕES EM ABRIL


 
O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (26), em Brasília, que pretende imunizar 31,3 milhões de brasileiros na 15ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe, que vai ocorrer de 15 a 26 de abril em 65 mil postos de saúde do país.
A meta representa cerca de 80% do público-alvo da ação, que é de 39,2 milhões. No ano passado, 26 milhões de pessoas receberam a vacina, o que representou 86,3% do público alvo.
Ao todo, serão distribuídas este ano 42,9 milhões de doses, que protegem contra os três subtipos do vírus influenza que mais circularam no inverno passado: A (H1N1) – conhecido popularmente como gripe suína –, A (H3N2) e B.
O grupo prioritário que será vacinado abrange gestantes, crianças entre 6 meses e 2 anos, idosos a partir de 60 anos, indígenas, presidiários, profissionais da saúde, doentes crônicos ou imunodeprimidos e mulheres até 45 dias após o parto (novo grupo). Com a inclusão dessas pacientes, deve haver um aumento de 30% no número de pessoas consideradas o público-alvo, saltando de 30 milhões para 39,2 milhões.
“Estamos reforçando neste ano que as mulheres, até 45 dias depois do parto, também devem se vacinar por dois motivos: primeiro porque elas têm as mesmas condições que indicavam a vacinação durante a gestação, e outra porque também poderão ajudar a proteger seus bebês”, explicou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Segundo Padilha, o governo federal quer estimular estados e municípios “a terem uma estratégia de busca ativa do público-alvo”.
“Há, inclusive, equipes que irão a abrigos atrás de idosos que podem receber a vacina”, disse.
No chamado “Dia D” da campanha – uma mobilização nacional prevista para o dia 20 de abril –, Padilha deve visitar Unidades Básicas de Saúde (UBS) de São Paulo e do Rio Grande do Sul.
Doentes Crônicos – O principal objetivo da campanha é ajudar a reduzir as complicações, internações e mortes decorrentes da gripe, destacou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.
De acordo com Padilha, a meta é reforçar o atendimento às pessoas com doenças crônicas, independentemente da faixa etária. Isso inclui quem tem problemas cardíacos, pulmonares, transplante de rim, obesidade, deficiência mental e pacientes que usam medicamentos imunossupressores, entre outros.
A novidade de 2013 é que os doentes crônicos terão acesso ampliado a todos os postos de saúde, e não apenas aos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (Cries). Para isso, é preciso apresentar apenas a prescrição médica no ato da vacinação.
Pacientes já cadastrados em programas de controle de doenças crônicas do Sistema Único de Saúde (SUS) devem procurar os postos em que estão inscritos. Caso a unidade de saúde que oferece atendimento regular não tenha um posto de vacinação, a pessoa deve solicitar uma prescrição médica.
Os pacientes da rede privada ou conveniada também devem ter prescrição médica e apresentá-la nos postos durante a campanha.
Doses por Região – A Região Sudeste, a mais populosa do país, receberá 18,6 milhões de doses – apenas o estado de São Paulo ficará com 9,7 milhões. O Nordeste terá 10,7 milhões de doses; o Sul, 7,5 milhões; o Norte, 3 milhões; e o Centro-Oeste, 2,9 milhões.
Além de distribuir as doses, que custarão R$ 331 milhões, o ministério informou que repassará R$ 24,7 milhões para estados e municípios mobilizarem a população e prepararem as equipes de saúde da família. Segundo o ministério, a campanha terá envolvimento de 240 mil pessoas.
Vacina não Causa Gripe – O ministro Padilha esclareceu que o vírus usado na vacina é inativo e, por isso, não causa gripe.
“Esse é um mito, uma informação incorreta. A vacina é feita por um vírus inativado, não é um vírus vivo. As pessoas, quando se vacinam, protegem-se dos casos mais graves e do risco de óbito pela gripe”, disse.
Padilha ponderou, porém, que, ao se vacinar, a pessoa pode pegar outros tipos de vírus, capazes de provocar um resfriado ou uma gripe mais fraca. Existe, ainda, a possibilidade de o indivíduo se vacinar no momento em que já se contaminou com o vírus, aí a dose não terá efeito.
“Por isso, é muito importante aproveitar a campanha, que é um período em que ainda não aumentou muito a circulação do vírus da gripe do país”, afirmou.

segunda-feira, 18 de março de 2013

COMPONENTE DO VINHO PREVINE ENVELHECIMENTO, PROVA PESQUISA DE HARVARD

 
Um novo estudo da Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, reuniu provas definitivas que um composto do vinho tinto ativa uma proteína no corpo humano responsável por promover a longevidade. A má notícia é que seriam precisos cem copos para chegar às melhoras obtidas pelas cobaias.
A pesquisa indica, ainda, que uma nova geração de fármacos com propriedades semelhantes às da bebida alcoólica poderá ser usada para tratar e prevenir doenças relacionadas ao envelhecimento humano. Esse grupo de drogas, por enquanto, está em testes clínicos.
David Sinclair, coautor do artigo publicado na revista Science, afirma que mais pesquisadores devem investir no estudo de proteínas como a SIRT1, só que sintéticas, já que a bebida está longe de ser a fonte ideal da juventude.
“O vinho tinto tem poucos miligramas do resveratrol, bem abaixo dos níveis dados aos ratos durante os testes pré-clínicos. É preciso beber, ao menos, cem copos para chegar ao mesmo nível que ajudou a melhorar a saúde das cobaias; é a razão principal para investir em drogas sintéticas e poderosas.”
O grupo desvendou o mecanismo molecular de interação do resveratrol – um composto natural encontrado na casca das uvas, assim como no amendoim e nas frutas vermelhas – e a SIRT1, proteína que “recarrega” as baterias do corpo ao acelerar as mitocôndrias, organelas que produzem os radicais livres (moléculas instáveis que atacam as proteínas do DNA dentro do nosso corpo).
“Nós descobrimos um aminoácido na SIRT1 que media essa ativação da proteína com outras moléculas pequenas, tanto no laboratório, quanto nos organismos vivos”, explica Sinclair. “Esse aminoácido foi usado por todos os compostos testados – 118 ao todo, incluindo o resveratrol – para ligar a SIRT1.”
Fim da Polêmica – Desde 2006, alguns estudos científicos passaram a suspeitar da eficácia do composto do vinho tinto no combate ao envelhecimento, sugerindo que a ativação da SIRT1 acontecia artificialmente – ou seja, a reação não ocorria normalmente dentro do nosso organismo e poderia ser induzida só em laboratório.
As dúvidas surgiram, diz o pesquisador, quando moléculas sintéticas e fluorescentes foram usadas para evidenciar esse processo in vitro – elas indicavam o trajeto das proteínas, por exemplo. Mas quando elas eram retiradas, a SIRT1 não “ligava” mais e os estudos cravaram que a ativação era casual.
Para por fim à polêmica, o grupo de Sinclair resolveu estudar o efeito dessas moléculas sintéticas no corpo e descobriu que elas simulavam a ação de um grupo de aminoácidos e atrapalhavam o funcionamento da SIRT1 – ela só voltava a funcionar, quando o resveratrol substituía as moléculas fluorescentes. 

MARTE PODE TER TIDO CONDIÇÕES PARA VIDA NO PASSADO, AFIRMA NASA

 
A análise de uma amostra de rocha pelo robô Curiosity encontrou evidências de que Marte pode ter sido ambiente propício para a vida microbiana em eras passadas, afirmou a agência espacial americana (Nasa) nesta terça-feira (12).
Cientistas descobriram nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo, carbono e enxofre, alguns dos elementos essenciais para a presença da vida, em uma amostra de rocha sedimentar coletada e triturada pelo Curiosity em Marte.
A rocha foi obtida pelo robô durante perfuração em uma área conhecida como Baía Yellowknife, que em um passado remoto abrigou água, sendo um lago ou rio marciano, segundo a Nasa. Esta região pode ter dado, no passado, as condições e os elementos químicos necessários para o surgimento de micro-organismos.
“Uma questão fundamental desta missão [Curiosity] é entender se Marte pode ter sido um ambiente propício para a vida”, disse o cientista Michael Meyer, chefe do Programa de Exploração de Marte da Nasa. “Pelo que sabemos agora, a resposta é sim.”
Uma nova amostra de rochas vai ser obtida por uma nova perfuração do Curiosity, para confirmar os resultados.
“Está em evidência um período muito antigo, mas estranhamente diferente para nós, de que Marte já teve condições favoráveis para a vida em algum momento”, disse o cientista John Grotzinger, ligado ao Instituto de Tecnologia da Califórnia e à Nasa.