Um novo estudo da Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos,
reuniu provas definitivas que um composto do vinho tinto ativa uma proteína no
corpo humano responsável por promover a longevidade. A má notícia é que seriam
precisos cem copos para chegar às melhoras obtidas pelas cobaias.
A pesquisa indica, ainda, que uma nova geração de fármacos com
propriedades semelhantes às da bebida alcoólica poderá ser usada para tratar e
prevenir doenças relacionadas ao envelhecimento humano. Esse grupo de drogas,
por enquanto, está em testes clínicos.
David Sinclair, coautor do artigo publicado na revista Science, afirma
que mais pesquisadores devem investir no estudo de proteínas como a SIRT1, só
que sintéticas, já que a bebida está longe de ser a fonte ideal da juventude.
“O vinho tinto tem poucos miligramas do resveratrol, bem abaixo dos
níveis dados aos ratos durante os testes pré-clínicos. É preciso beber, ao
menos, cem copos para chegar ao mesmo nível que ajudou a melhorar a saúde das
cobaias; é a razão principal para investir em drogas sintéticas e poderosas.”
O grupo desvendou o mecanismo molecular de interação do resveratrol – um
composto natural encontrado na casca das uvas, assim como no amendoim e nas
frutas vermelhas – e a SIRT1, proteína que “recarrega” as baterias do corpo ao
acelerar as mitocôndrias, organelas que produzem os radicais livres (moléculas
instáveis que atacam as proteínas do DNA dentro do nosso corpo).
“Nós descobrimos um aminoácido na SIRT1 que media essa ativação da
proteína com outras moléculas pequenas, tanto no laboratório, quanto nos
organismos vivos”, explica Sinclair. “Esse aminoácido foi usado por todos os
compostos testados – 118 ao todo, incluindo o resveratrol – para ligar a
SIRT1.”
Fim da Polêmica – Desde 2006, alguns estudos científicos passaram a suspeitar da
eficácia do composto do vinho tinto no combate ao envelhecimento, sugerindo que
a ativação da SIRT1 acontecia artificialmente – ou seja, a reação não ocorria
normalmente dentro do nosso organismo e poderia ser induzida só em laboratório.
As dúvidas surgiram, diz o pesquisador, quando moléculas sintéticas e
fluorescentes foram usadas para evidenciar esse processo in vitro – elas
indicavam o trajeto das proteínas, por exemplo. Mas quando elas eram retiradas,
a SIRT1 não “ligava” mais e os estudos cravaram que a ativação era casual.
Para por fim à polêmica, o grupo de Sinclair resolveu estudar o efeito
dessas moléculas sintéticas no corpo e descobriu que elas simulavam a ação de
um grupo de aminoácidos e atrapalhavam o funcionamento da SIRT1 – ela só
voltava a funcionar, quando o resveratrol substituía as moléculas
fluorescentes.
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