As cianobactérias – organismos unicelulares fotossintetizantes – são uma
opção econômica e viável para a produção de biodiesel, segundo pesquisa da USP
(Universidade de São Paulo). Um hectare de milho produz 168 litros de
biodiesel, o equivalente ao mesmo hectare de cianobactérias produziria 140 mil
litros do cianodiesel. Além disso, em seu cultivo, podem ser utilizadas águas
residuais e marinhas, por isso não há necessidade de terra cultivável, o que
não interfere na produção de alimentos.
O que é ? – As cianobactérias são organismos microbianos de aplicações
biotecnológicas variadas e de potencial de desenvolvimento ilimitado. Elas são
unicelulares e produzem seu próprio alimento, dependendo apenas de água,
dióxido de carbono, substâncias inorgânicas e luz (fotossintetizantes).
O cianodiesel é produzido com o lipídeo extraído desses organismos, que
se multiplicam facilmente em meio aquoso em colônias, além de serem tolerantes
a variações salinidade, temperatura e até mesmo poluição. Existem muitas
linhagens de cianobactérias, inclusive algumas tóxicas, como as algas azuis que
comprometem a qualidade da água de vários reservatórios, como a Represa
Billings, em São Paulo. Na pesquisa não foram utilizadas espécies toxicas.
A pós-doutoranda Caroline S. Pamplona da Silva, que participou do
projeto, disse que foram avaliadas várias linhagens e duas apresentaram
resultados bastante promissores. “Os óleos dessas duas linhagens com
características químicas adequadas foram testados na síntese de biodiesel
comercialmente aceito. No entanto, a produção de biomassa em larga escala ainda
é um desafio”, afirmou ela.
A utilização de cianobactérias na produção de biodiesel tem várias
vantagens, como diminuir a pressão sobre outras matérias-primas, como o milho,
sorgo, soja, mamona e girassol, que são fontes de alimentação mundial.
Caroline disse ainda que a necessidade nutricional das células de
cianobactérias é simples; o período de produção de biomassa é curto e a
concentração de óleo pode chegar a 50% da biomassa seca; menos emissões e
contaminantes do que o combustível derivado do petróleo; o gás carbônico
emitido pelas indústrias pode ser usado como fonte de carbono para seu cultivo
e, quando cultivadas em sistemas contínuos, podem ser colhidas diariamente.
A professora Heizir Ferreira de Castro disse que as cianobactérias são
mais uma opção para a produção do biodiesel, mas não são “a salvação da
lavoura”, ou seja, não podem substituir totalmente as outras matrizes. “Seriam
uma opção porque têm maior produtividade. Nós retiramos o óleo vegetal delas e
transformamos como se fosse qualquer outro óleo”, disse ela.
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