quinta-feira, 19 de abril de 2012

NOVA TÉCNICA DE TRATAMENTO CONTRA CÂNCER DE PRÓSTATA OFERECE MENOS EFEITOS COLATERAIS

Segundo estudo, maioria dos homens submetidos à novidade manteve ereção após o tratamento

Uma pesquisa publicada na revista Lancet Oncology aponta uma nova técnica de tratamento contra o câncer de próstata que usa ondas de ultrassom concentradas só nas partes da próstata atingidas por tumores. A vantagem dessa novidade é que causa poucos efeitos colaterais em comparação ao tratamento tradicional.
A análise contou com 42 homens de idade entre 45 e 80 anos, com tumores localizados de grau inicial até agressivo. Todos foram submetidos a ressonâncias magnéticas. Por meio delas, foi possível identificar as regiões do órgão afetadas por tumores. Em seguida, deu-se início ao tratamento com ultrassom de alta frequência, que destrói o tecido doente pelo calor.
Os resultados mostraram que 90% dos homens que tinham ereção antes do tratamento mantiveram a função após os 12 meses de pesquisa, sendo que 14 indivíduos pertencentes a esse grupo precisavam da ajuda de remédios. Além disso, o tratamento não causou incontinência urinária.
Os dados são surpreendentes: 20% dos homens submetidos à radioterapia ou cirurgia de retirada da próstata sofrem disfunção erétil após o tratamento. A técnica padrão ainda causa problemas para conter a urina, que atingem de 30% a 70% dos pacientes.
No Brasil, a versão da máquina de ultrassom com foco de alta intensidade só pode ser encontrada no Hospital A. C. Camargo, em São Paulo. Após a descoberta e testes mais abrangentes, entretanto, deve aumentar a disponibilidade do novo tratamento.
Câncer de próstata: entenda os procedimentos quando a doença é descoberta
Segundo o urologista Ricardo La Roca, membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia, quando é detectado um câncer de próstata, o primeiro esforço é saber se o tumor está localizado, avançado ou metastático. Se está situado internamente, recorre-se à cirurgia, à radioterapia externa ou à braquiterapia, que também é uma forma de radioterapia.
Quando o tumor está avançado ou já existem metástases, o médico pode indicar o uso de hormônio e optar por fazer ou não a cirurgia e a radioterapia, dependendo de uma série de fatores.
A primeira opção de tratamento é a cirurgia, feita através de uma incisão no abdômen, abaixo do umbigo, pela qual a próstata é removida e, com ela, o tumor. O doente permanece no hospital por quatro ou cinco dias. A radioterapia externa é realizada através de múltiplas aplicações, uma por dia, de um feixe concentrado de irradiação que incide sobre a próstata.
É um tratamento prolongado, que se estende por seis ou sete semanas, mas um pouco mais simples do que a cirurgia, já que não envolve internação, nem anestesia. E por fim, o terceiro método é a braquiterapia, que consiste na colocação de agulhas na próstata do doente mantido sob leve anestesia, através das quais são inseridas sementes radioativas dentro da glândula.
A cirurgia é a opção de tratamento mais agressiva, pois é uma intervenção complexa. A radioterapia e a braquiterapia são procedimentos mais simples, embora a próstata permaneça no organismo e possa apresentar uma recidiva do tumor, além de manifestações obstrutivas como a hiperplasia benigna.
No caso do tratamento do câncer de próstata neste estado, a cirurgia pode acarretar impotência sexual por lesão dos feixes neurovasculares que passam ao lado da glândula, bem como incontinência urinária nos três primeiros meses. A opção radioterápica não leva à incontinência urinária, mas em alguns casos, pode causar algum déficit sobre a potência sexual.
No câncer de próstata, só é possível falar em cura, depois de 10 anos sem a doença. Quem sobrevive 5 anos provavelmente está curado, mas é preciso esperar 10 anos para a alta definitiva. Quando o tumor está dentro da próstata, com a cirurgia há cura entre 85% e 90% dos pacientes. Se já saiu da glândula, a eficiência do tratamento cai muito. Com a aplicação de radioterapia e braquiterapia, 70% dos pacientes estão curados, depois de 10 anos. Com o tratamento cirúrgico, a doença pode reaparecer em 10% a 15% dos casos. Quando isto ocorre, o urologista pode lançar mão de medicações antitumorais ou hormonais que controlarão a doença por outro longo período, se ela for diagnosticada a tempo.

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