Dizer que uma pessoa tem diabetes é o mesmo que dizer que ela tem uma quantidade de açúcar no sangue acima do que seria normalmente esperado. Aparentemente isso pode não explicar muito, mas acontece que o excesso de açúcar e as alterações hormonais que o acompanham costumam agredir os vasos sanguíneos e alguns dos principais órgãos do nosso corpo.
A pergunta que logo vem à mente, então, é: por que essas pessoas acumulam quantidade maior de açúcar no sangue? A resposta está ligada a um hormônio bastante conhecido: a insulina.
Para entender melhor, imagine que você esteja dirigindo e seu carro começa a falhar. No painel, uma luz indica que é preciso reabastecê-lo. Após encher o tanque, o automóvel volta a funcionar. Agora pense na mesma situação acontecendo com o seu corpo. Assim como o veículo, a máquina humana precisa de combustível para entrar em ação. Se faltar gasolina, o organismo sofre as conseqüências. Nosso combustível é a glicose (açúcar) retirada dos alimentos, que produz a energia necessária para sobrevivermos. Da mesma forma que a gasolina necessita de uma mangueira para ser colocada no tanque, a glicose precisa da insulina, hormônio fabricado no pâncreas que facilita a entrada do açúcar nas células. Só que para quem tem diabetes esse mecanismo não funciona assim. Quando o organismo não produz, produz insuficientemente ou não processa a insulina de forma adequada, a glicose não consegue chegar dentro da célula. Parte dela é eliminada na urina e o restante vai se acumulando no sangue, tornando-se tóxica e podendo levar a uma série de conseqüências.
Sintomas
Os principais sintomas que mostram que o nível de glicose está elevado no sangue são cansaço, sede e fome excessivas, grande quantidade de urina, perda de peso e visão turva.
Glicemia, Hiperglicemia, Hipoglicemia
A quantidade de glicose que existe no sangue é chamada de glicemia. A glicemia depende diretamente da insulina produzida pelo pâncreas e da quantidade de açúcar - ou carboidratos - que ingerimos durante o dia. Portanto, para se atingir o patamar ideal na quantidade de glicose no sangue é necessário que exista equilíbrio entre o que comemos e a quantidade de insulina que o pâncreas produz.
Se comermos muitos carboidratos, nossa glicemia vai subir. Porém, se o pâncreas estiver funcionando bem, produzirá rapidamente uma quantidade maior de insulina para fazer com que toda aquela glicose possa ser aproveitada pelas células. Mas, e se o pâncreas não conseguir aumentar sua produção de insulina? Ao respondermos a essa pergunta, começamos a entender o que é o diabetes.
Sempre que a insulina produzida não for suficiente para colocar a glicose para dentro das células, teremos excesso de glicose no sangue. É o que chamamos de hiperglicemia. Por outro lado, se comermos pouco carboidrato em relação à quantidade de insulina que está circulando, sobrará pouca glicose no sangue. Nesse caso, falamos em hipoglicemia.
O Exame de Glicemia
A glicemia nunca é igual ao longo do dia. Depois que comemos ou depois de muito tempo em jejum, a glicemia pode variar entre muito alta e muito baixa ou ainda oscilar de minuto a minuto. Por isso, ao colhermos um exame de glicemia, pede-se jejum de pelo menos 8 horas na tentativa de padronizar os resultados.
Caso o exame de glicemia seja colhido pouco depois de uma refeição, por exemplo, o resultado será muito maior do que se fosse colhido em jejum.
Nos indivíduos sem diabetes, a variação da glicemia em jejum vai de 70 mg/dL a 99 mg/dL e a da glicemia medida duas horas após uma refeição vai até 139mg/dL.Valores de glicemia de jejum entre 100 mg/dL e 125 mg/dL e de glicemia pós-prandial entre 140 a 199mg/dL são um alerta de que algo não vai bem. O diagnóstico do diabetes é feito com valores de glicemia de jejum maiores ou iguais a 126mg/dL ou de glicemia duas horas após uma refeição maiores ou iguais a 200mg/dL.
Diabetes Tipo 1
Em geral, o diabetes tipo 1 se inicia na infância ou na adolescência e necessita ser tratado com insulina durante toda a vida. Nesse tipo de diabetes, o pâncreas progressivamente não consegue mais produzir insulina em quantidades suficientes até chegar ao ponto de incapacidade total.
O diabetes tipo 1 manifesta-se geralmente de maneira abrupta, com sintomas importantes de hiperglicemia (excesso de sede e fome, aumento do volume e freqüência da urina), acompanhados de perda de peso.
A doença aparece de forma tão repentina que, muitas vezes, o diagnóstico é feito somente quando a pessoa chega ao pronto-socorro com sintomas bastante intensos, como profundo mal-estar, desidratação, queda da consciência e níveis de glicemia sempre muito altos, na faixa dos 400 a 600 mg/dL. O hálito torna-se adocicado (conhecido como hálito cetônico), em função da grande quantidade de cetonas. As cetonas são fruto da quebra de moléculas de gordura que procuram substituir a glicose como fonte de energia.
Diabetes Tipo 2
O diabetes tipo 2 está bastante relacionado ao excesso de peso, mas também influem fatores como o tabagismo, o sedentarismo, a hipertensão arterial e o histórico familiar. Em geral, surge em adultos a partir dos 30-40 anos ou em adolescentes que já apresentam excesso de peso. É o tipo mais comum de diabetes, correspondendo a 90% de todos os casos.
No diabetes tipo 2, o pâncreas inicialmente funciona bem. O problema está nas células de nosso corpo, principalmente dos músculos e de órgãos como o fígado, que mesmo na presença de insulina não conseguem absorver bem a glicose do sangue. Trata-se de um defeito genético que pode ser agravado por diferentes fatores de risco.
Diferentemente do diabetes tipo 1, em que os sintomas surgem de forma abrupta e de maneira pronunciada, o diabetes tipo 2 apresenta poucos sintomas, mas pode manifestar as mesmas complicações crônicas do diabetes tipo 1. Por isso, é fundamental que se examinem periodicamente os níveis de glicemia, principalmente a partir dos 40 anos ou naqueles que têm aumento de peso, colesterol elevado ou pressão alta.
Fatores de Risco
Histórico Familiar
A hereditariedade é um fator muito mais importante para o diabetes tipo 2 do para o diabetes tipo 1, pois ocorre com freqüência muito maior em uma mesma família. Portanto, se você tem pais, avós ou irmãos com diabetes tipo 2, sua chance de desenvolver a doença aumenta.
Falta de Atividade Física
O sedentarismo costuma acompanhar o excesso de peso e vice-versa. Uma vida sedentária aumenta muito as chances de se desenvolver o diabetes tipo 2. Isso sem mencionar complicações que o excesso de peso pode trazer à sua pressão e ao seu colesterol.
Idade
O diabetes tipo 2 acontece já a partir dos 30 anos, embora atinja com maior frequência aqueles com mais de 45 anos. Nos últimos tempos, porém, tem aumentado bastante a ocorrência de diabetes tipo 2 em pessoas mais jovens, especialmente em obesos.
EXCESSO DE PESO E OBESIDADE
O excesso de peso é um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2. Tal fato é comprovado ao se observar que muitas pessoas com hiperglicemia conseguem revertê-la apenas com a perda de peso. Na verdade, a gordura que se acumula no corpo, principalmente na região da barriga (gordura abdominal), faz com que as demais células do corpo tenham dificuldade em utilizar a glicose do sangue, mesmo se houver insulina circulando.
Diabetes na Gravidez
Mulheres que tiveram diabetes durante a gravidez, geralmente aquelas que tenham dado a luz a bebês muito grandes (com mais de 4 ou 5 quilos), têm maiores chances de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro.
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