terça-feira, 29 de janeiro de 2013

PROPOSTA QUE REGULAMENTA CLONAGEM ANIMAL SEGUE PARA A CÂMARA

                              A ovelha Dolly permanece empalhada no Royal Museum of Scotland, em Edinburgo.
O projeto que regulamenta as atividades de pesquisa, produção, importação e comercialização de animais clonados, aprovado pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) em 27 de novembro, seguirá para análise da Câmara dos Deputados depois do recesso parlamentar, caso não haja recursos para votação no Plenário do Senado. A proposta (PLS 73/2007) é da senadora licenciada Kátia Abreu (PSD-TO).
Durante a tramitação, a matéria foi modificada de modo a abranger somente os clones de animais domésticos, mudança com a qual concordou o relator Acir Gurgacz (PDT-RO). Inicialmente, a intenção da autora era de que a regulamentação incluísse mamíferos, peixes, anfíbios répteis e aves. O parlamentar considerou que o projeto não contém disposições que ofendam o meio ambiente, uma vez que a clonagem geraria organismos geneticamente idênticos, e os clones não oferecem riscos à saúde e à integridade ambiental.
Antes de ser submetido à CMA, o PLS 73/2007 – na forma de substitutivo apresentado por Gurgacz – foi aprovado pelas comissões de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Entre as alterações na proposta está a possibilidade de produção comercial e liberação no meio ambiente de clones de animais silvestres nativos do Brasil, desde que autorizada previamente por órgão ambiental federal.
A proposta determina ainda que caberá a esse órgão manter um banco de dados de acesso público com informações genéticas, de modo a estabelecer o controle e a garantia de identidade e de propriedade do material genético animal e dos clones. O descumprimento das normas, segundo o projeto, levará a sanções que vão de advertência e multa à destruição do material genético animal e cancelamento da autorização da prática.

A INDÚSTRIA DO EFEITO ESTUFA


Poluição do ar aumenta o risco de doenças cardiovasculares
 
Os setores produtivos adotarão ações voltadas para a redução da liberação de gases de efeito estufa por meio do Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas da Indústria. Para viabilizar a implantação do projeto, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) realizou, de quarta até esta sexta-feira (25/01), treinamento destinado à mensuração de emissões no país. A capacitação teve o objetivo de embasar as medidas que serão incluídas no plano.
O evento contou com a participação de representantes de diversos órgãos do governo federal e do setor industrial. De acordo com a diretora Karen Cope, da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental (SMCQ) do MMA, o treinamento serviu como espaço de discussão sobre metodologias de levantamento de dados. “Houve uma discussão de modelos de redução e formas de registros de emissões”, explicou. “É uma forma de nos prepararmos para a implantação do Plano Indústria”.
Acordo - Em agosto de 2012, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, assinou acordo de cooperação com o a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e a portaria que instituiu a Comissão Técnica do Plano. A intenção é reduzir em 5% as emissões de gases de efeito estufa de sete setores até 2020.
O treinamento integra as atividades da Comissão Técnica. Durante o treinamento, representantes de uma empresa portuguesa especialista no assunto apresentaram projetos que desenvolveram no país europeu em áreas como cálculo e comércio de emissões. A troca de experiência também auxiliará a elaboração do próximo inventário de emissões, que deve ser concluído em 2014.

GENETICISTA NEGA PROJETO DE CRIAR ‘BEBÊ DE NEANDERTAL’ A PARTIR DE FÓSSIL

fotos de bebes graciosas

O especialista em genética da Faculdade de Medicina de Harvard, George Church, afirmou que não está à procura de uma mulher para gerar um “bebê Neandertal”, nem mesmo uma “aventureira”.
Na semana passada, o médico virou notícia em jornais do mundo inteiro após afirmar que seria possível clonar um bebê de Neandertal a partir do DNA do ancestral, caso pudesse encontrar uma voluntária disposta a gerar o clone.
Após grande repercussão, o cientista negou que esteja apoiando a ideia de criar um clone do homem-de-neandertal. Segundo ele, sua entrevista à revista alemã “Der Spiegel” foi mal-interpretada pela imprensa.
Church alega que a ideia recebe uma breve menção como uma possibilidade teórica em seu recente livro “Regenesis: Como a biologia sintética vai reinventar a natureza e a nós mesmos” (Regenesis: How Synthetic Biology Will Reinvent Nature and Ourselves).
A técnica envolveria o desenvolvimento do DNA a partir de material fossilizado, seguido pela introdução do genoma ancestral em células-tronco humanas. Essas células seriam clonadas para criar um feto que poderia então ser implantado em uma mulher.
No entanto, o geneticista acredita que esse processo de clonagem enfrentaria uma série de questões éticas. Geroge Church é conhecido por contribuir com o Projeto Genoma Humano, que mapeou o DNA do homem.
A espécie (Homo neanderthalensis) é tida como um dos ancestrais do homem moderno e foi extinta há 33 mil anos. 

DESCOBERTAS BACTÉRIAS NA ATMOSFERA, QUE PODEM AGIR NO CLIMA

Bacterias, muerte, salud
 
A troposfera, parte da atmosfera situada entre seis e dez quilômetros de altitude, contém microorganismos cujas bactérias que poderiam ter efeitos diversos na meteorologia e no clima, revelou uma pesquisa publicada esta segunda-feira.
“Nós não esperávamos encontrar tantos microorganismos na troposfera, considerada um ambiente difícil para a vida”, admitiu Kostas Kostantinidis, professor adjunto do Instituto de Engenharia da Géorgia (sudeste dos EUA), um dos principais autores deste estudo.
“Parece existir uma diversidade bem grande de espécies, mas nem todas sobrevivem à parte mais alta da troposfera”, acrescentou.
Os cientistas ignoram ainda se estes microorganismos vivem permanentemente nesta área da atmosfera, talvez em partículas de carbono em suspensão, ou se eles ficam ali brevemente após ser transportadas pelos ventos da superfície do planeta.
Amostras foram coletadas em terra e nos oceanos, sobretudo no mar Caribe e em algumas partes do oceano Atlântico, durante e após a passagem dos furacões Earl e Karl pela região, em 2010.
Segundo os autores destes estudos, publicados na edição digital dos Anais da Academia Americana de Ciências (PNAS), um dos interesses desta descoberta é que estes microorganismos poderiam desempenhar um papel na formação de gelo nas nuvens, tendo neste caso um impacto na meteorologia e no clima.
Além disso, o deslocamento de bactérias pelo vento em longas distâncias poderia ser levado em conta no estudo de transmissão de doenças infecciosas nos seres vivos.
Algumas destas bactérias também seriam capazes de metabolizar os componentes de carbono onipresentes na atmosfera, provenientes sobretudo das emissões de dióxido de carbono (CO2), principal gás causador de efeito estufa.
Estes microorganismos foram coletados em amostras do ar levantadas por um jato, no âmbito de um programa de pesquisas da Nasa, destinado a estudar as massas de ar, em baixa e alta altitudes, vinculados com tempestades tropicais.
Filtros contendo estes microorganismos e partículas foram analisadas com técnicas de sequenciamento genético que permitiram identificá-los e calcular sua quantidade.
O estudo mostra, ainda, que as bactérias representam, em média, cerca de 20% de toda a massa de partículas destas amostras. As bactérias tiveram 17 variedades enumeradas. 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

MUDANÇAS CLIMÁTICAS: UMA QUESTÃO DE EDUCAÇÃO



Meio Ambiente terra 550x410 Meio Ambiente
Pedagogos ambientais pesquisam maneiras mais eficientes de transmitir informações ambientais. O tema deve ser abordado em cursos universitários, escolas e na formação de jornalistas.
Todo mundo discute as mudanças climáticas. Muitas notícias tratam desse tema, que também é considerado uma das grandes questões da política ambiental desta década. Pelo menos essa é a impressão que ficou após as últimas Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2012, no México, de 2011, na África do Sul, e de 2012, no Catar.
Porém, uma pesquisa realizada pela Comissão Europeia revelou que essa impressão não condiz com a realidade. Os resultados indicaram que um quarto dos europeus são céticos com relação às mudanças climáticas. Além disso, quase metade dos entrevistados não se considera bem informado sobre o aquecimento global.
“Em geral, há um conhecimento superficial. Quando se trata de um tema específico, a maioria da população sabe pouco sobre o assunto”, conta Udo Kuckartz, professor de Pedagogia da Universidade de Marburg. “Precisamos de novos modelos educacionais para tratar das questões climáticas e abordagens que transformem conhecimentos em atitudes pró-ambientais.”
Da Teoria à Prática – Kuckratz, um dos pesquisadores sobre consciência ambiental mais conhecidos da Alemanha, levanta a seguinte questão: Qual é o método didático mais eficiente para se abordar a mudança climática com o objetivo de gerar ações a favor do meio ambiente? Pedagogos e psicólogos do mundo inteiro trabalham em pesquisas nessa área.
A mudança climática é um novo campo de investigação. A maioria das pesquisas parte do seguinte princípio: descobrir quais são os modelos didáticos utilizados atualmente para tratar dessa questão e quais deles mostram-se eficientes em escolas e cursos de graduação e pós-graduação.
Segundo Gerhard de Haan, professor de Pedagogia da Universidade Livre de Berlim (FU Berlin), a maioria dos cursos que abordam a temática é de formação profissional complementar, voltada para adultos.
De Haan destaca a eficiência de bolsas para pesquisa, como as concedidas pela Fundação Humboldt a pesquisadores de países emergentes e em desenvolvimento. Através desse programa, os bolsistas podem trabalhar por um ano em projetos energéticos e climáticos em universidades alemãs. “Essas ações são muito eficientes, pois focam em multiplicadores e são voltadas para o lado econômico. Fundações, empresas e governo deveriam oferecer mais bolsas como essa”, diz.
Vários grupos de empresas já financiam pesquisadores. “Tem muita coisa acontecendo no momento”, diz Kuckartz. Além disso, há iniciativas governamentais, como na Dinamarca. Por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de Copenhague, em 2009, o governo distribuiu bolsas de estudo para estudantes estrangeiros em áreas como tecnologia eólica, engenharia e química ambiental.
Novos Programas de Estudo – Kuckartz observou que na última década foram criados vários cursos universitários com foco em temas como clima e energia. “Entretanto, a maioria deles é nas áreas de ciências naturais ou administração ambiental. Cursos com conteúdos sociais quase inexistem.”
Há também um déficit nas escolas. “Educação ambiental é um tema tratado, principalmente, nas aulas de geografia e não em outras disciplinas, como biologia, política e ciências sociais”, explica De Haan. Além disso, o conteúdo ambiental não faz parte da grade curricular dos cursos de formação dos futuros professores. Posteriormente, os docentes decidem se abordarão ou não o tema em suas aulas.
Existem, entretanto, algumas iniciativas regionais. É o caso do programa de formação complementar Coragem para a Sustentabilidade, financiado pela Unesco. Esse projeto foi desenvolvido por um grupo de fundações em parceira com o governo federal alemão e é oferecido aprofessores dos estados de Hessen, Sarre e Renânia-Palatinado. Mas a oferta ainda é pequena. “Apenas 5% das escolas são alcançadas pela iniciativa”, diz Kuckartz.
Formação de Jornalistas: EUA como Modelo – A falta de conhecimento sobre questões relacionadas ao meio ambiente também atinge outros setores. Os meios de comunicação de massa são os principais fornecedores de informação sobre o clima. No entanto, na Europa faltam disciplinas sobre esse tema nas grades universitárias para os estudantes de jornalismo.
Já nos Estados Unidos, há vários cursos de jornalismo ambiental. Também são frequentes os debates especializados sobre o tema. Há ainda atores internacionais relevantes na área, como a Sociedade de Jornalistas Ambientais (SEJ, na sigla em inglês), que foca na questão de como produzir melhores matérias sobre clima e meio ambiente.
Porém, o jornalismo europeu parece estar se mexendo, dedicando-se com cada vez mais frequência aos temas clima e sustentabilidade. Grandes eventos deram um novo sentido à temática, como o Global Media Forum da Deutsche Welle de 2010 – voltado à formação de jornalistas sobre as mudanças climáticas.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE VAI MAPEAR FLORESTAS BRASILEIRAS

Amazônia terá inventário florestal

Equipes de técnicos e especialistas começam a ser deslocadas este ano para a Amazônia, onde terão que mapear as florestas da região em detalhes. Atualmente, apesar de o Brasil ser coberto por 60% de florestas nativas, os dados sobre estas áreas limitam-se a imagens da cobertura vegetal, por satélites, por exemplo. O objetivo do governo é detalhar aspectos como a qualidade dos solos, as espécies existentes em cada área e o potencial de captura e emissão de gás carbônico pelas florestas.
Os investimentos para o levantamento somam, pelo menos, R$ 65 milhões. Os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foram contratados nesta quinta-feira (24) pelo Ministério do Meio Ambiente. A proposta é que as equipes coletem em campo as informações sobre as áreas e analisem todo o material que vai compor o Inventário Florestal Nacional (IFN), que começou a ser construído em 2010.
“Em debates internacionais sobre mudanças de clima, por exemplo, saberemos que florestas são estas que temos, qual a qualidade de nossas florestas, teremos descoberta de espécies, conhecimento sobre espécies em extinção, além das informações sobre a distribuição desses territórios e do potencial de uso econômico das florestas”, explicou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
O inventário também reunirá informações sobre florestas situadas em outros biomas, como o Cerrado e a Caatinga. Desde que o projeto foi aprovado, o governo mapeou florestas em Santa Catarina e no Distrito Federal, em uma fase experimental. Para o levantamento no Cerrado, o Banco Interamericano de Desenvolvimento disponibilizou US$ 10 milhões e, em Santa Catarina, os técnicos descobriram florestas que estão sendo regeneradas naturalmente, sem que os especialistas soubessem que o processo estava ocorrendo.
Ao todo serão mapeados quase 22 mil pontos em todo o território nacional. Em toda Amazônia, haverá em torno de 7 mil pontos. Apenas no Arco do Desmatamento, formado por Rondônia, centro e norte do Mato Grosso e leste do Pará e onde será iniciado o levantamento da região, serão levantadas informações de cerca de 3 mil pontos amostrais, distantes 20 quilômetros um do outro.
As informações detalhadas sobres as florestas brasileiras também devem balizar as políticas do governo para conservação da biodiversidade no território nacional e as novas concessões florestais. “O Brasil só fez um levantamento como este uma vez, que foi publicado nos anos 1980, com dados dos anos 1970 e não foi um levantamento nacional. Este é o primeiro ‘censo’ florestal e será o trabalho de maior envergadura de todo o planeta”, disse Izabella Teixeira.
“Normalmente vemos as florestas do ponto de vista de perda [desmatamento e queimadas]. Com o inventário vamos conhecer a floresta por dentro. Vamos obter vários resultados. A ideia é que, de 5 em 5 anos, façamos novas medições”, acrescentou Antônio Carlos Hummel, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), que está conduzindo o levantamento.
Além de dados sobre espécies arbóreas e sobre o solo, Hummel destacou que a população que vive no entorno das florestas também será questionada. Segundo ele, serão aplicados quatro diferentes questionários para saber como estas comunidades convivem nestes territórios.
Os dados serão divulgados parcialmente todos os anos, mas a conclusão de todo o levantamento só sairá em 2016.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

USP USA RAIOS GAMA PARA ESTERILIZAR MOSQUITO TRANSMISSOR DA DENGUE


Enquanto na ficção a radiação gama conferiu poderes extraordinários ao Incrível Hulk, na vida real ela ajuda a dificultar a vida do mosquito da dengue, prejudicando sua capacidade reprodutiva.
Cientistas do Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) da USP de Piracicaba desenvolveram uma técnica que usa radiação para tornar o Aedes aegypti estéril.
Usando uma fonte de Cobalto-60, os pesquisadores fazem uma espécie de “bombardeio” de raios gama no inseto. A técnica, chamada de irradiação, já tem uso consagrado em várias outras aplicações, inclusive na indústria de alimentos.
A dose de radiação usada é considerada baixa e não mata o mosquito, mas é suficiente para torná-lo estéril.
“A técnica é perfeitamente segura. Não há risco para o ambiente, porque a radiação não deixa nenhum tipo de resíduo perigoso”, explica Valter Arthur, coordenador do estudo.
A irradiação é feita só nos mosquitos machos, quando eles atingem a chamada fase pupa, em que já estão com todos os órgãos formados, mas ainda não são adultos.
A criação dos insetos é feita nas instalações de uma empresa parceira, a Bioagri, em Charqueada (interior de SP).
Depois do processo, os mosquitos irradiados são soltos no ambiente, onde competirão com os machos normais pela cópula com as fêmeas. As relações chegam a acontecer, mas os ovos decorrentes delas não eclodem, o que ajuda a controlar a população dos insetos.
Antes de testar os mosquitos em ambientes “reais”, os pesquisadores precisam verificar se os exemplares de Aedes aegypti estéreis são tão competitivos sexualmente quanto os outros.
Essa etapa está prestes a começar, mas o trabalho já foi apresentado na última edição do Congresso Brasileiro de Entologia.
De acordo com Ademir Martins, pesquisador do instituto Oswaldo Cruz que não participa do trabalho, métodos bastante similares já tiveram bastante sucesso no controle de pragas agrícolas.
“A técnica andou meio esquecida, mas agora está ressurgindo em alguns trabalhos”, avalia o cientista.
Segundo ele, um possível inconveniente é a baixa autossustentabilidade do método, uma vez que é preciso ficar constantemente irradiando e liberando machos inférteis nos ambientes.
Os últimos testes com uma vacina para a dengue, doença que mata 20 mil pessoas ao ano no mundo, fracassaram em 2012. Hoje, há várias iniciativas que investem no controle do mosquito.
No Brasil, duas outras estão em testes. A Fiocruz trabalha inserindo uma bactéria que torna o mosquito “vacinado” contra a dengue. Na Bahia, há uma “fábrica” de mosquitos transgênicos, que dão origem a filhotes incapazes de sobreviver. 

CIENTISTAS TERMINAM MORATÓRIA DE ESTUDOS DE GRIPE AVIÁRIA


Vírus da gripe aviária Imagem de Stock - Imagem: 7722281
 
Um grupo internacional de cientistas que interrompeu ano passados seus estudos controversos com o vírus mortal da gripe aviária afirmou que está reiniciando seus trabalhos, ao mesmo tempo em que alguns páises adotam novas regras para garantir a segurança destas pesquisas.
A repercussão começou quando os dois laboratórios – um na Holanda e outro nos Estados Unidos – anunciaram que conseguiram criar uma versão do vírus de transmissão mais fácil. Isso iniciou um debate sobre as consequências desta pesquisa e se ela poderia ser usada por terroristas, e os pesquisadores voluntariamente concordaram em interromper seu trabalho em janeiro do ano passado – e mais de trinta dos maiores especialistas em gripe aviária também entraram no embargo.
Nesta quarta (23) os mesmos cientistas anunciaram que a moratória acabou porque a pausa nas pesquisas havia cumprido sua função, que era de dar tempo ao governo americano e outras autoridades mundiais para determinar como seriam supervisionadas pesquisas envolvendo microorganismos de alto risco.
Alguns países já emitiram novas diretrizes, enquanto os Estados Unidos está terminando seu conjunto de regras, um processo que Anthony Fauci, do Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês) disse que deve estar completo em algumas semanas.
Em cartas publicadas em conjunto pelos periódicos Science e Nature nesta semana, os cientistas escrevem que quem cumprir os requisitos de seu país tinha o dever de reiniciar os estudos de como o vírus da gripe aviária poderia se tornar uma ameaça ainda maior aos seres humanos, com potencial de ser a próxima pandemia. Até agora, o vírus, conhecido como H5N1, se espalha principalmente entre frangos e outras aves e raramente infecta pessoas.
“O risco já existe na natureza. Não fazer a pesquisa nos coloca em perigo,” disse Yoshihiro Kawaoka, da Universidade de Wisconsin-Madison. Ele e Ron Fouchier (considerado um dos dez cientistas de 2012 pela Nature ), da Universidade Erasmus, na Holanda, criaram em estudos separados as novas cepas, que se transmitem pelo ar.
A controvérsia se inflamou há um ano, quando autoridades dos Estados Unidos, incitados pelas preocupações de um comitê de biossegurança, pediu aos dois laboratórios que não publicassem seus resultados . Eles tinham medo que terroristas usassem a informação para criar uma arma biológica. De maneira geral, os cientistas discutiam se criar novas variantes de doenças seria uma boa ideia, e se sim, como prevenir acidentes de laboratório com estas amostras.
No fim, a vontade dos pesquisadores prevaleceu: o governo decidiu que os dados não impunham nenhuma ameaça imediata de terrorismo, e os dois trabalhos foram publicados há oito meses .
Fouchier afirmou que suas novas pesquisas começarão em poucas semanas na Holanda, com financiamento europeu, e terão como objetivo descobrir exatamente quais mutações são as maiores ameaças. Ele disse que o trabalho pode ajudar os cientistas a acompanhar como a gripe aviária evolui no ambiente selvagem.
Os pesquisadores financiados pelos Estados Unidos, no entanto, terão que esperar até que as diretrizes sejam finalizadas. Mas o NIH pagou pela pesquisa original, que teria sido aprovada pelas novas regras, afirmou Fauci à AP. Elas criaram mais uma etapa de revisão em estudos de alto risco, para garantir que eles valham a pena cientificamente e que preocupações sobre bioterrorismo sejam atendidas em primeiro lugar, explicou.
Se estas regras estivessem valendo um ano atrás, elas teriam evitado todo o debate, disse Fauci: “Nossa resposta teria sido, sim, analisamos cuidadosamente e os benefícios superam os riscos, ponto final.” 

EMPRESA AMERICANA LANÇARÁ SONDAS PARA EXPLORAR RECURSOS DE ASTEROIDES

                                                          Sonda Espacial Voyager 2
                                             
A empresa americana Deep Space Industries anunciou na terça-feira (22) que vai lançar, a partir de 2015, uma frota de sondas para pesquisar e explorar os minerais e outros recursos presentes em asteroides que viajam próximos à Terra.
“Usar os recursos que estão no espaço é a única maneira de assegurar um desenvolvimento espacial sustentável”, avaliou o diretor da empresa, David Gump.
“Descobrimos a cada ano mais de 900 novos asteroides que passam perto da Terra, e esses corpos celestes podem ser tão importantes para as atividades espaciais deste século quanto foram as jazidas mineradoras de Minnesota para a indústria automobilística de Detroit no século 20, explicou Gump em comunicado.
A Deep Space Industries vai começar a avaliar alvos potencialmente promissores para a exploração de minerais utilizando pequenos aparelhos espaciais de 25 quilos, chamados “FireFlies” (vaga-lumes). O primeiro deles tem previsão de ser lançado em 2015, em missões de duas a seis semanas.
 
A empresa está em fase de busca de clientes e investidores, e trabalha com a Nasa e outras organizações para identificar os asteroides mais promissores.
 
As sondas devem ser econômicas e fabricadas a partir de elementos em miniatura de satélites “cubo”. Elas serão postas em órbita também a um preço acessível, a bordo de lançadores usados para transportar grandes satélites de comunicação.
“Podemos fazer sondas espaciais incríveis de pequeno porte e baixo custo mais rápido do que nunca”, explicou o presidente da Deep Space Industries, Rick Tumlinson.
A partir de 2016, a empresa começará a lançar sondas mais pesadas, de 32 quilos, as “Dragonflies” (libélulas), capazes de alcançar um asteroide e trazer de volta à Terra amostras de 27 a 68 quilos durante uma viagem de dois a quatro anos.
A Deep Space Industries é a segunda companhia a se lançar na prospecção e exploração de minerais procedentes de asteroides, depois da Planetary Resources, criada em abril de 2012 pelo presidente da gigante da internet Google, Larry Page, e pelo cineasta James Cameron.

domingo, 20 de janeiro de 2013

CIENTISTAS INVESTIGAM VACINAS CONTRA O MAL DE ALZHEIMER

injeção
 
Duas equipes de pesquisadores divulgaram quase simultaneamente dois avanços promissores na busca de uma vacina contra o mal de Alzheimer, doença neurodegenerativa que vai progressivamente provocando demência em pessoas idosas.
As duas descobertas abrem caminho para futuros tratamentos e vacinas contra a doença, possivelmente nos próximos anos, talvez no máximo uma década, depois de testes em seres humanos. Os dois estudos foram feitos apenas em camundongos.
Uma equipe internacional liderada por Serge Rivest, da Universidade Laval, de Québec, Canadá, usou um composto para estimular as defesas naturais do cérebro contra a proteína tóxica que está associada ao mal de Alzheimer, conhecida como beta-amiloide.
Já a equipe do espanhol Ramón Cacabelos, do Centro de Pesquisa Biomédica EuroEspes, usou uma combinação da própria beta-amiloide com outras substâncias para produzir um protótipo de vacina, conhecida como EB-101.
A equipe internacional, mas principalmente canadense, publicou seus resultados na última edição da revista científica americana “PNAS”; a equipe espanhola publicou seus resultados no ano passado, na revista “International Journal of Alzheimer’s Disease”, mas Cacabelos concedeu somente ontem em Madri uma entrevista coletiva sobre a vacina.
A beta-amiloide provoca a formação das chamadas “placas senis” que caracterizam a doença, afetando células do cérebro e provocando os sintomas que caracterizam a demência.
“A doença de Alzheimer (DA) é a forma mais frequente de demência nos países desenvolvidos, com uma prevalência de cerca de 1% na idade de 65 e mais de 25% em pessoas com mais de 85 anos de idade. Clinicamente, é caracterizada por um processo progressivo de deterioração cognitiva, distúrbios comportamentais e declínio funcional”, lembrou a equipe de Cacabelos no seu artigo científico.
Um composto já largamente testado e usado em vacinas pela empresa farmacêutica GlaxoSmithKline foi usado nos testes com os camundongos geneticamente transformados para apresentarem doença. Vários pesquisadores da empresa participaram da equipe de Rivest. Trata-se do monofosforil lipídio A, conhecido pela sigla em inglês MPL.
O MPL diminuiu a formação de placas senis e melhorou a cognição dos camundongos, medida por testes em labirintos.
Rivest e colegas afirmam que, embora a segurança do tratamento com MPL não tenha sido confirmada em humanos, o composto foi administrado a milhares de pessoas como um adjuvante em diferentes vacinas. “O MPL oferece uma grande promessa como tratamento seguro e eficaz dessa doença”, disseram.

CIENTISTAS FLAGRAM ‘ALQUIMIA’ DE BACTÉRIA DA HANSENÍASE

Bactéria / SPL


                          Bactéria da Lepra Transformou Neurônios de Hospedeiro em Células-Tronco

Pela primeira vez, um grupo de pesquisadores britânicos flagrou o momento em que uma bactéria infecciosa dá início à uma espécie de “alquimia biológica”, transformando parte do corpo do organismo hospedeiro em outra parte que atenda melhor suas necessidades.
O estudo, publicado na revista científica “Cell” e liderado por uma equipe de cientistas de Edimburgo, na Escócia, mostrou uma bactéria causadora de hanseníase transformando neurônios em células-tronco e musculares.
Os autores dizem que a técnica “inteligente e sofisticada” pode agilizar a pesquisa sobre terapias e células-tronco.
Os especialistas descreveram a descoberta como “surpreendente”.
Cientistas já tinham conseguido realizar uma “alquimia biológica” em laboratório antes, transformando células da pele em células-tronco, que têm o poder de se transformar em qualquer outra parte do corpo, como células do coração ou cérebro.
Um dos pesquisadores, o professor Anura Rambukkana, disse: ‘As células do nosso corpo podem ser manipuladas. Por que as bactérias não se aproveitariam disso?”
Mestres da Manipulação – Para conduzir o experimento, os cientistas usaram camundongos que tiveram neurônios infectados com a bactéria da hanseníase.
Após algumas semanas, a bactéria começou a transformar os nervos de acordo com a sua própria conveniência. A composição das células mudou e elas se tornaram células-tronco.
Mas, ao contrário dos neurônios, que são estáticos, essas células cresceram e se espalharam pelo corpo.
“Trata-se de uma célula-tronco que é gerada pelo tecido do próprio corpo para que o sistema imunológico não a reconheça e ela pode ser usada sem ser atacada”, disse Rambukkana.
Esse tipo de célula também pode se alojar dentro dos músculos e se transformar em células musculares.
“No momento em que vimos isso acontecer, achamos algo bem surpreendente”, acrescentou o pesquisador.
“É a primeira vez que constatamos ao vivo uma bactéria infecciosa criando células-tronco.”
Alquimia – Rambukkana espera que as descobertas possam aumentar o conhecimento sobre a hanseníase e leve a novos caminhos de desenvolvimento de células-tronco – que se tornaram a “menina dos olhos” da medicina por seu potencial de se transformar em outras células e, assim, ajudar no tratamento de várias doenças.
O pesquisador também acredita que é “provável” que outras espécies de bactéria possam ter a mesma habilidade de reprogramar o seu hospedeiro.
Segundo o professor Chris Mason, especialista em pesquisa de células-tronco na Universidade College London, no Reino Unido, “a habilidade da bactéria de converter um tipo de célula de um mamífero em outra é ‘uma verdadeira alquimia’ da natureza, só que em grande escala”.
“Embora essa descoberta surpreendente tenha sido baseada em um experimento com um rato, ela destaca a extraordinária complexidade das interações entre mamíferos e bactérias bem como a engenhosidade dos cientistas para descobrir mecanismos da doença que, uma década atrás, teria sido algo restrito à ficção científica”, disse Mason.
“O próximo passo essencial é traduzir essa parte valiosa de conhecimento em benefícios tangíveis para os pacientes. Mas esse processo pode levar uma década antes de sua relevância para a medicina clínica ser totalmente compreendida”, acrescentou.
Para Rob Buckle, diretor de medicina regenerativa do Medical Research Council, “essa descoberta é importante não só para a nossa compreensão e tratamento da doença bacteriana, mas para a medicina regenerativa, que vem evoluindo rapidamente nos últimos anos.”

PROGRAMA DE RECICLAGEM TRANSFORMA BITUCAS DE CIGARRO EM PLÁSTICO

 Sentado em seu escritório em Trenton, em Nova Jersey, na costa leste dos Estados Unidos, Tom Szaky é o bem sucedido jovem presidente de uma empresa que lançou o primeiro programa de reciclagem de pontas de cigarro exportado ao mundo.
Segundo Szaky, os cigarros são a principal fonte de resíduos do mundo e respondem por 37% de tudo o que as pessoas jogam fora. Como o jovem empresário adora desafios, encontrar uma solução para reciclar esse descarte era um dos seus três grandes objetivos de 2012, junto com o das gomas de mascar e o das fraldas usadas. O programa de coleta de gomas de mascar será lançado no Brasil e o de fraldas usadas, nos Estados Unidos, explicou.
Lançado em maio no Canadá, o programa de reciclagem de pontas de cigarro da sua empresa TerraCycle garante a coleta do material descartado e a transformação das bitucas em plástico. O material, depois, pode ser usado em novos produtos, como cinzeiros. O programa também já foi levado para os Estados Unidos e a Espanha.
O princípio é o mesmo e independente do país: os voluntários, que podem ser pessoas, empresas, organizações de defesa do meio ambiente, coletam as pontas de cigarro e as enviam à sede nacional da TerraCycle, que paga pelo custo do pacote. As cinzas são esterilizadas e dissecadas, misturando o papel e o tabaco, enquanto o acetato de celulose, material plástico usado no filtro, é fundido e reciclado.
O programa é pago pela indústria do tabaco, de acordo com Szaky. Ele afirma que s empresas do setor ficam satisfeitas em demonstrar uma boa ação perante a opinião pública, e os voluntários recebem pontos para financiar projetos em escolas ou associações de caridade.
A reciclagem de pontas de cigarro não é a primeira operação lançada pelo TerraCycle, uma empresa que há dez anos se especializou em reciclagem e na “transreciclagem” (transformação de um produto reciclado em algo novo e de valor superior) de sessenta maços diferentes.
Entre eles estão embalagens de sucos de fruta, garrafas plásticas, canetas, copos de café, papéis de bombons e escovas de dentes. O sucesso da empresa tem superado as expectativas.
“Recuperamos muito rápido mais de um milhão de cigarros. Organizações formidáveis têm garantido a coleta, e a indústria do tabaco mostrou tanto entusiasmo que lançou o programa nos Estados Unidos e na Europa”, comemorou Szaky.
“Nos próximos quatro meses, o programa será lançado na França, na Alemanha, na Suíça, na Áustria, na Noruega, na Dinamarca, na Suécia, na Finlândia e talvez no México”, afirmou o jovem nascido há 30 anos na Hungria e criado no Canadá.
Tom Szaky, cuja empresa emprega uma centena de pessoas no mundo, disse que quer chegar em 2013 a novos países da América Latina e do leste europeu. “Quero resolver todos os problemas de resíduos que existem, começando pelos produtos que se pensa que não podem ser reciclados”, afirmou.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

EM CAMINHADA DE 7 ANOS, AMERICANO REFAZ JORNADA DA EVOLUÇÃO HUMANA

                                       


                         Seus suprimentos incluem equipamentos de comunicação e acampamento
O jornalista americano Paul Salopek passará os próximos sete anos caminhando da Etiópia, no nordeste africano, até a ponta da América do Sul, na tentativa de refazer a jornada dos primeiros seres humanos em suas explorações além-África.
Salopek – que tuitará e produzirá reportagens e vídeos – deve fazer 34 mil km e 30 milhões de passadas em sua jornada, a qual ele chama de “a longa caminhada de formação (da raça humana)”. Mas Salopek insiste em que seu maior objetivo não é viver uma aventura, e sim refletir sobre evolução humana.
Seu ponto de partida é Herto Bouri, área na Etiópia povoada por humanos durante meados da Idade da Pedra. “Paleontologistas encontraram um fóssil de Homo sapiens lá que pode ter até 160 mil anos de idade”, explica Salopek. “Quero refazer os caminhos da primeira diáspora humana para fora da África, 50 mil a 70 mil anos atrás, da forma mais autêntica possível, a pé.”
Do vale Rift, ainda na Etiópia, ele rumará com tribos nômades ao mar Vermelho e à Arábia, terminando o ano provavelmente em Jerusalém ou Amã. O passo seguinte é caminhar pela região da Eurásia, em direção ao leste asiático, China e Sibéria. Só sua passagem pela China deverá levar 14 meses.
“Pegarei um barco no estreito de Bering para chegar ao Novo Mundo (continente americano) e à Terra do Fogo (extremo sul da América do Sul), onde nossos ancestrais chegaram cerca de 12 mil anos atrás – o último canto continental do mundo a ser colonizado por nossos antepassados.”
Um dos caminhos possíveis
A rota de Salopek – cuja viagem será paga pela National Geographic e cujo site será financiado pela Fundação Knight – segue um entre diversos caminhos que podem ter sido usados pelos humanos para avançar pelo mundo.
Nossos antepassados chegaram à Europa (a pé) e à Austrália (por barco) cerca de 45 mil anos atrás. Muitas das viagens foram malsucedidas, explica Toomas Kivisild, palestrante de genética evolucionária na Universidade de Cambridge.
Salopek, que também é biólogo, afirma que os humanos evoluíram seu entendimento do mundo durante suas caminhadas, após desenvolver a habilidade de andar sobre dois pés, 3 milhões de anos atrás. “Há uma base neurológica para isso”, diz. “Pode-se argumentar, (do ponto de vista) evolucionário, que fomos desenhados para absorver informação a 5 km por hora (a média de velocidade da caminhada).”
Logística – Andar por sete anos pelo mundo pode ser uma atividade solitária, mas Salopek contará em alguns momentos com a companhia de sua esposa, uma artista, e de tradutores e auxiliares, que o ajudarão a mover-se pelos 36 países da jornada.
Nem todos os dias serão de caminhada, diz ele. “Haverá lugares em que ficarei por semanas, ou meses. Por outros, passarei o mais rápido possível.”
Salopek tentará levar cerca de 20kg de bagagem – incluindo um laptop ultraleve, equipamentos de comunicação e de acampamento. Mas ele diz que tentará “usar o máximo possível das economias locais, reabastecendo meus suprimentos em mercados regionais”.
Mesmo quando acompanhado, Salopek sabe que ficará vulnerável à ação de ladrões e outros criminosos, em especial ao passar por lugares turbulentos, como a própria Etiópia ou o conflagrado Oriente Médio. Mas diz que a ideia de uma caminhada tão longa o diverte. “Muitas vezes me desloquei a pé ou através de mulas e canoas nas histórias que cobri. Gosto muito de andar”.
Contar Histórias – Ao mesmo tempo, ele quer desenvolver – ou redescobrir – sua habilidade jornalística de contar histórias. A cada 160km, ele vai gravar o som das redondezas, um vídeo de um minuto, uma foto panorâmica e perguntar à pessoa mais próxima: “Quem é você? De onde veio? Para onde vai?”
“É um projeto para tentar estender nosso período de atenção (a uma história), numa época em que a quantidade de informação nos sobrecarrega”, opina.
Salopek passou anos trabalhando como correspondente estrangeiro (período em que ganhou dois prêmios Pulitzer) e compara o jornalismo atual ao “fast food”. “Sinto falta de textura, cor e sabor”, diz, alegando que suas histórias terão mais profundidade “simplesmente porque me moverei mais lentamente”.
Para ele, “se houvesse mais gente prestando atenção no que está acontecendo nos campos de refugiados na fronteira afegã-paquistanesa, se (nós jornalistas) tivéssemos tempo de não apenas reagir a crises, talvez houvesse menos crises para reportar”.